“Outra cousa não esperamos”, senhor governador!

Reprodução do jornal O Globo de 23 de maio de 1930.
O governador Sérgio Cabral Filho poderia seguir o exemplo de pelo menos um de seus antecessores no que diz respeito ao trato do dinheiro público quando o assunto é o metrô (acesse aqui a matéria envolvendo a corrupção na gestão Cabral).
É o que nos lembra uma matéria do jornal “O Globo” de 21 de maio de 1930 (vide fotocópia), quando o então prefeito do Rio de Janeiro, Antônio Prado Júnior (1926-1930), tinha em mãos um projeto para construir o serviço na cidade.
O projeto não saiu do papel, é verdade – só viria a ser inaugurado muitas décadas depois, em 1979. Mas o exemplo de Prado Júnior é válido. Veja na fotocópia e abaixo o texto do diário na íntegra:

“O prefeito Antonio Prado Junior vetou o projecto que mandava conceder privilégio a determinado engenheiro, para construir o ‘metro’, e fez muito bem. Os serviços publicos dessa natureza devem sempre obedecer ao criterio da concorrencia a fim de se apurar quem maiores vantagens offerece. O projecto do Conselho Municipal deveria mandar o prefeito abrir concorrencia, estabelecendo nella todas as condições indispensaveis aos interesses da cidade e de sua população.
O problema do trafego urbano aqui está exigindo uma prompta solução. Os transportes subterraneos resolvem de golpe os perigos dos congestionamentos, que tanto perturbam o transito hoje em dia. Todas as grandes capitaes adoptaram o ‘metro’, desde que o trafego suspenso trouxe grandes inconvenientes para Nova York.
O veto do prefeito agora veio restabelecer a possibilidade de se organisar o serviço sob perspectivas mais seguras, mediante a concorrencia. Por intermedio della, a prefeitura poderá impôr condições e exigir vantagens em beneficio do publico. Outra cousa não esperamos.
Ao mesmo tempo o prefeito combateu (…) veso do Conselho, que costuma conceder favores nominaes, sem outros motivos além dos que inspiram os empenhos. É tempo de se estimularem os progressos da cidade por processos claros e honestos, que possam ser examinados sem [?].”

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