Muita purpurina pro meu gosto

A blogueira

Há pouco mais de um mês, no dia 14 de janeiro, eu estava em Cuba. Para o país e seu povo não era um dia qualquer. Entrava em vigor a nova lei de migração, elaborada dentro da democracia cubana depois de anos de discussão (pra quem tem péssimas fontes jornalísticas, esclareço que há eleições e debates públicos por lá).

Uma das histórias mais curiosas que ouvimos aconteceu numa padaria. Uma conversa entre duas moças. Era uma segunda-feira, se não me engano.

Elas lamentavam que, apesar da nova lei, apenas dois países a aceitaram na condição de cubanas: o Haiti e a Rússia.

— E eu não quero ir nem pro Haiti nem pra Rússia, né menina! — destacou uma delas.

A história é mais ou menos a seguinte, no reino da fantasia em uma ilha muito distante:

O “mundo livre” ouve a “blogueira libertária” e pede “mudanças”. (A tal blogueira já morou na Suíça, curiosamente). Aí o “mundo livre” vê, com grande felicidade e pompa, a lei mudar — não precisa mais de autorização do governo cubano para sair.

E como o “mundo livre” comemora? (Corte aqui a fantasia e vamos pra realidade) Trata de não permitir que os cubanos entrem em seus países, porque o mundo real das políticas migratórios considera os cubanos cidadãos de segunda classe, assim como os haitianos, os dominicanos, os costariquenhos… Pode vir, claro, mas traga muito dinheiro e vá embora em três meses!

Uma realidade muito diferente essa de Cuba, não é mesmo?

Honestamente, é muita purpurina pro meu gosto. Eu, humildemente, penso que tenho mais o que fazer.

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