“Ângelus” – Dia 12.01.2020
Caros irmãos e irmãs, bom dia!
Mais uma vez, tive a alegria de batizar algumas crianças, na festa do Batismo hoje celebrada. Eram trinta e duas. Rezemos por elas e por suas famílias.
A liturgia deste ano nos propõe o acontecimento do Batismo de Jesus, segundo o relato do Evangelho de Mateus. O evangelista descreve o diálogo entre Jesus, que pede o batismo, e João Batista, que tenta recusar o pedido e observa: “Sou eu que devo ser batizado por Ti, e Tu é que vens a mim?” Esta decisão de Jesus surpreendo Batista: de fato, o Messias não tem necessidade de ser purificado; ao contrário, é Ele quem purifica. Mas Deus é o Santo. Os caminhos Dele não são os nossos, e Jesus é o caminho de Deus, um caminho imprevisível. Lembremo-nos que Deus é o Deus das surpresas.
João havia declarado que entre ele e Jesus achava-se uma distância abissal, insuperável. “Eu não sou digno de desatar as correias de Sua sandália”, tinha dito. Mas o Filho de Deus veio justamente para transpor esta distância entre o homem e deus. Se Jesus é todo, da parte de Deus, também é todo da parte do homem, e reúne o que estava dividido. Por isto, Ele responde a João: “Deixa assim por enquanto, porque convém cumpramos toda a justiça”. O Messias pede para ser batizado, para que se cumpra toda a justiça, para que se realize o desígnio do Pai que passa pela via da obediência filial e da solidariedade com o homem frágil e pecador. É o caminho da humildade da plena proximidade de Deus aos seus filhos e filhas.
Também o profeta Isaías anuncia a justiça do Servo de Deus, que realiza Sua missão no mundo com um jeito oposto ao espírito mundano: “Não gritará nem levantará a voz, não fará ouvir sua voz em praça pública, não quebrará um caniço dobrado, não apagará o pavio que ainda fumega.” É a atitude da mansidão – é isto que Jesus nos ensina, com Sua humildade, a mansidão – a atitude da simplicidade, do respeito, da moderação e da discrição, requerida, inclusive hoje aos discípulos do Senhor. Quantos – é triste dizê-lo – quantos discípulos do Senhor se gabam de ser discípulos do Senhor! Não é um bom discípulo quem se gaba. O bom discípulo é quem é humilde, manso, aquele que faz o bem sem se mostrar. Na ação missionária, a comunidade cristã é chamada a ir ao encontro dos outros, sempre propondo, nunca impondo, dando testemunho, compartilhando a vida concreta do povo.
Assim que Jesus foi batizado no rio Jordão, os céus se abriram e desceu sobre Ele o Espírito Santo, em forma de pomba, enquanto do alto ressoou uma voz que dizia: “Este é meu Filho amado. Nele Eu pus minha complacência.” Na festa do Batismo de Jesus, descobrimos o nosso Batismo. Como Jesus é o Filho amado do Pai, também nós, renascidos pela água e pelo Espírito Santo, sabemos que somos filhos amados. O Pai nos ama a todos! Alvo de complacência de Deus, irmãos de muitos outros irmãos, investidos de uma grande missão, para testemunharmos e anunciar a todos os homens o amor infinito do Pai.
Esta festa do Batismo de Jesus nos faz lembrar o nosso Batismo. Também nós renascemos no Batismo. No Batismo veio o Espírito Santo para permanecer em nós. Por isto é importante saber qual é a data do meu Batismo. Nós sabemos qual é a data do nosso nascimento, mas nem sempre sabemos qual é a data do nosso Batismo. Seguramente, alguns de vocês não o sabem… Uma tarefa a fazer, de volta à casa. Quando vocês voltarem, perguntem: quando é que fui batizada? Quando fui batizado? E festejem no coração a data do batismo, a cada ano. Façam isto. É também um dever de justiça para com o Senhor que tem sido tão bom para conosco.
Que Maria Santíssima nos ajude a compreender cada vez melhor o dom do Batismo e a vive-lo com coerência, nas situações do dia a dia.
Trad.: AJFC
Digitação: EAFC