Justiça e direitos humanos

Venho acompanhando, com crescente preocupação e interesse, o desenrolar da crise desencadeada pelas tentativas de encobrimento, da parte de alto escalão governamental e boa parte da chamada “grande” imprensa, dos crimes de lesa humanidade cometidos no Brasil pela ditadura cívico-militar de 1964-1985.

É bem certo de que o Brasil, que pertence à comunidade internacional, com cada vez mais marcante presença, não poderá ser a exceção, dentre os países da América do Sul que amargaram regimes de terrorismo de estado, a acertar as contas com esse passado ainda impune.

Descartadas as imbecilidades de quem pretende justificar a barbárie perpetrada desde os organismos de repressão, seja por conveniência, conivência, ignorância ou, ainda, por mero analfabetismo político, em boa medida gerado pela alienação resultante das ações da ditadura e pelo medo, vamos nos ater ao que interessa: crime impune tende a se repetir. A tortura continua sendo procedimento corriqueiro nas prisões brasileiras, o que é de todo ponto de vista, inaceitável.

Recentemente, tive a oportunidade de assinar um manifesto em favor da punição dos criminosos do regime de 1964-1985. Não faltarão os que bradem “revachismo”. Cabe fazer notar que os que hoje manifestam temor à verdade, os que temem a lei e a justiça, os procedimentos normais de julgamento de toda transgressão às normas de convivência, dispõem do que negaram às suas vítimas, assassinadas, torturadas e sequestradas sem direito a nada.

Terão juizes e advogados, direito a defesa e a apelação. Mesmo com todas essas vantagens que não concederam às suas vítimas de ontem, tem medo. Pergunto por que. Só foram valentes contra pessoas desarmadas? Hoje o Brasil e a América do Sul trilham jornadas em direção a uma cada vez maior justiça social. A democracia, com todas as falhas que tem, ainda é o melhor dos regimes. E não serão as ameaças de setores retrógrados, que irão fazê-la retroceder.

Deixe uma resposta