Homossexualidade e religião no Superpop

superpopHá alguns dias, por incrível que pareça, uma discussão no Superpop, programa da Redetv, me prendeu a atenção. Dois evangélicos homossexuais, casados, defendiam o direito de atuarem como pastores em seu templo e criticavam a proibição de homossexuais em igrejas evangélicas.

O outro convidado era um pastor que alegava que os dois não poderiam jamais ter conseguido uma licença para trabalhar como pastores (por serem homossexuais) e se mostrava contrário a entrada de homossexuais em congregações evangélicas. “Não é questão de preconceito. Trata-se do cumprimento de regras, que, por sinal, estão seguindo os desígnios de Jesus”, justificava o pastor.

Os “virtuais” pastores se defendiam, dizendo que não havia nenhuma passagem explícita na bíblia que indicasse a não aceitação de homossexuais por Deus, mas eram logo rebatidos com argumentos como “a ciência não encontrou provas de que esse comportamento possui raízes genéticas”.

Quando achava que o debate não poderia chegar a um nível mais baixo, entrou em cena um “cantor” que, recentemente, lançou no youtube um clipe que se presta basicamente a desqualificar e satirizar a homossexualidade. O refrão da música, que tem diversas passagens exprimindo forte preconceito, é algo do tipo “Se fosse assim, Deus não teria feito Adão  e Eva, mas Adão e Ivo”. E o pior, o clipe roda sobre imagens do casamento dos pastores (daí o convite ao Superpop, pois havia de ter um barraco…)

No entanto, para minha surpresa, eis que surge uma fala iluminada vinda da ex-chacrete Gretchen. O comentário mais sensato da noite foi direcionado ao cantor de “Adão e Ivo” e ao pastor tradicionalista: “Vocês estão cheios de verdades, mas o único que poderia trazer a real versão dos fatos neste momento seria Deus. E, dificilmente, ele vai baixar por aqui!”, bradou a musa de Chacrinha.

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Toda essa discussão, cuja importância social é inegável (não podemos, de forma alguma, fechar os olhos para o desrespeito aos direitos e dignidade dos homossexuais), esbarra em alguns tópicos polêmicos, envolvendo a construção e manutenção de verdades e visões de mundo.

Primeiro, convém lembrar que a própria Bíblia – como qualquer obra humana – não deixa de ser a interpretação de uma “realidade”. E, se o livro mais lido e vendido do mundo, não pode apresentar uma versão totalmente acurada dos fatos, o que dizer da interpretação das centenas de igrejas, seitas, etc. e tal? A cada nova leitura, diversas concepções podem ser construídas e apresentadas como verdade. Basta, por exemplo, que o pastor ou padre, tenha um mínimo de carisma e talento para comunicar suas idéias.

O problema disso reside justamente no fato de que, ao manter a bíblia debaixo dos braços, como um escudo, aquele que discursa se sente na condição de defender quaisquer de seus argumentos por estar “apenas” transmitindo a fala de Deus, de modo que qualquer contra-argumentação é imediatamente desqualificada. Azar de quem não leu e entendeu a bíblia como ele…

Por conseguinte, o pastor contrário à presença de homossexuais na Igreja Evangélica, defendia sua posição tranquilamente, ao dizer que não era por preconceito, mas pelo cumprimento de regras, normas, que essa proibição deveria seguir em voga. Enfim, a estratégia é elevar a um âmbito metafísico aquilo sobre o que não se tem justificativa plausível e aceitável racionalmente.

Em segundo lugar, vale uma reflexão quanto à sapiente fala de Gretchen, uma vez que cada convidado do dia apresentava suas verdades autoritariamente, esquecendo-se de que a verdade Maior (se é que existe algo do tipo) está além de seu alcance. Não sou muito afeito ao complemento de seu raciocínio – ao dizer que só Deus pode dizer a verdade –, mas, ao menos, ela procurou colocar os convidados em seu devido lugar e lembrá-los de ter mais consciência quanto à natureza incerta de seus discursos. Até porque as pessoas, invariavelmente, misturamos verdades e paixões em nossas falas.

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Isso nos leva a outra questão: a produção de verdades, que, como se sabe, corresponde também a motivações e interesses ideológicos, leva em conta o potencial reconfortante e reafirmador do status quo e de visões tradicionais, reacionárias acerca da realidade. Não por acaso, o “músico” convidado, argumentava, ao justificar sua posição contrária ao homossexualismo: “Não quero ver homem se beijando com outro. Homem beija mulher. Eu fui criado assim e assim que tem que ser”.

Como acontece com muitos de nós, o artista acredita que, porque recebeu tal educação, porque se comportou de tal forma, porque optou por adotar certas opiniões como verdade e porque gosta do sexo oposto, todo o resto deve funcionar da mesma forma. E sua posição fica ainda mais fácil de se difundir quando está alinhada à visão e historização hegemônica da humanidade. Afinal, os heterossexuais são plena maioria e, além disso, ninguém gosta muito de aceitar a diferença do Outro ou de estilos de vida alternativos, principalmente depois de algum tempo de vida. Não foi próprio presidente Lula que afirmou a impossibilidade de ser comunista com mais de 40 ou 50 anos?

Ocorre que versões adequadas ao discurso hegemônico inserem-se com muito mais facilidade nas categorias de “verdade” ou “fato” do que aquelas que fogem ao espectro do senso comum. E, com isso, contribuem para a camuflagem de preconceitos tão óbvios quanto superficialmente justificados como são os que dão suporte à segregação social, política e religiosa segundo a sexualidade.

E o que dizer do argumento do pastor de que o comportamento homossexual não tem origem no código genético? Bem, o determinismo científico há tempos não é exatamente uma referência para os estudos sociais…mas certamente tem o apelo adequado para aparecer num debate hiperpop da programação de massa televisiva.

11 comentários sobre “Homossexualidade e religião no Superpop”

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  2. quando vejo o programa da Gimenes na rede TV
    sobre os espiritos dos mortos, e sobre salvação,
    perdição, em fim sobre religião; eu fico observando
    e pensando, como as pssoas que foram nos programas, tem
    falta de conhecimento da verdade.
    vejo os mestres das religiões não tendo as respostas
    satisfatórias, para os milhões de expectadores.
    eu não sou o sabe tudo;mas Deus me abençoou com sua
    graça e me iluminou muitas verdade, que infelizmente
    muitas pessoas desconhecem.
    se for possivel eu gostaria de participar de um progama
    da Gimenes, dentro desses assuntos.
    se me covidar, estarei pronto em aceitar { AGOSTINHO }

  3. Concordo Augustinho, aliás esse programa está ficando chato, ontem eles arrumaram três atrizes que não souberam nem interpretar como modelos. Esse negócio de ficar insultando JESUS já chegou ao cúmulo, essa nulher não tem respeito nenhum pelo nossso Senhor Jesus Cristo, ela ama o dinheiro nsobre todas as coisas , e fica desafiando os seguidores DELE, Realmente esse programa está ficandpo muito nojento, ninguem merece essa Luciana anti Cristo.

  4. as pessoas estão brincando com a palavra de DEUS,essa mulher “luciana” ñ devia aceita estas cituação no programa dela,mas só pençam no IBOP.

  5. independente de ser ou nao ser homossexual,deus nao tem religiao,mas as pessoas destorcem a palavra de deus,querendo assim igrejas que aceitem tudo que eles fazem.E isso deus nao aceita,e se nao acreditam que nao vao mudar,ninguem mudará.Mas se aceitarem isso tudo e todos mudam.

  6. Acho o seguinte,a palavvra de Deus esta ai p quem quizer ver,Ela é a verdade,o dia do julgamento esta chegando,Deus ha de nos julgar segundo as nossas obras,to com a biblia e não abro,Leia mais a biblia,ela é a fonte segura,beba dessa fonte e nunk mais tera sede.Fik na Paz.Paulo Roberto-ASSEMBLÉIA DE DEUS-SBC

  7. A Luciana GiMENEZ FAZ TODO AQUELE DEBATE leva 1 pastor e a maioria nao acredita na biblia.Nao deixa o pastor falar e quando deixa, fica indo contra o que ele fala.Bom deixa ela com seus principios de boa mae e ela que guarde a volta do SENHOR JESUS CRISTO.

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