Meios de comunicação de grande circulação no Brasil têm apontado, seja por meio de programas de “humor”, seja por meio de reportagens “sérias” e “fundamentadas”, que a Venezuela se arma com o objetivo de invadir nações vizinhas – incluindo, claro, a Amazônia brasileira.
É extremamente curioso, para não dizer patético, que quando um outro país, armado com milhões de dólares pelos Estados Unidos [leia abaixo os números], decide invadir a Amazônia e declarar que o fez sem nenhum sentimento de culpa, todos os programas jornalísticos ou humorísticos se calem. Exatamente o que se passou na atual crise nos Andes.
A Colômbia, que recebe o maior financiamento militar dos Estados Unidos em toda a América Latina e Caribe, invadiu – e admitiu que o fez – a Amazônia pelo lado equatoriano. Não contente, fez uma investida militar e bombardeou um acampamento das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (FARC-EP), assassinando um dos líderes que mais buscava o diálogo com as potências militaristas do Norte e de seu país. Outras 16 pessoas foram mortas enquanto estavam dormindo. “Não são boas as notícias”, sentenciou o insuspeito ministro das Relações Exteriores da França, Bernard Kouchner, que compõe um governo de direita em seu país.
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Jornalista, 40, com mestrado (2011) e doutorado (2015) em Comunicação e Cultura pela UFRJ. É autor de três livros: o primeiro sobre cidadania, direitos humanos e internet, e os dois demais sobre a história da imigração na imprensa brasileira (todos disponíveis em https://amzn.to/3ce8Y6h). Acesse o currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/0384762289295308.