Como sociólogo, como terapeuta comunitário, como cidadão, não posso deixar de partilhar algumas observações que a atual situação política e social do Brasil me suscitam.
O distanciamento, o estranhamento, a dissociação e a oposição entre a esfera do poder público e a cidadania, é total.
A sociedade civil vêm se defendendo da melhor maneira possível, estreitando laços colaborativos entre entidades e organizações que defendem a vida, a educação, a saúde e os demais Direitos Humanos.
A vontade genocida, destrutiva, exterminadora, não é apenas algo evidente da parte de um dos integrantes da esfera do poder, cujo nome é melhor não pronunciar.
O poder público como um todo, isto é: o legislativo e o judiciário, agem em perfeita sintonia com a vontade enlouquecida do tal inominável. A inoperância é cumplicidade. Um fazer de conta que proporciona uma fachada “democrática” para o genocídio
Para destruir um país e o seu povo, basta fazer o que está sendo feito: incentivar as queimadas na Amazônia, destruindo a biodiversidade, não cuidar da saúde da população, debochando das medidas de segurança recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), imprescindível para que não morramos.
Quebrar de cima abaixo o pouco que restava de respeito pelos valores mínimos da existência humana, após o processo de decomposição da cidadania declarado e executado pelo PSDB em 2013, quando perderam as eleições presidenciais que levaram Dilma Roussef (PT) à presidência da República.
O que fazer neste quadro? O que está sendo feito. Refazer a vida de baixo para cima e de dentro para fora. Valorizar a nossa própria pessoa, nossa família e comunidade. Não ceder à pressão desumanizadora do neonazismo atualmente implantado no Brasil
Recuperar a vontade soberana, a capacidade de decisão, além do que a imprensa e o poder disseminam. Recuperar a percepção, a consciência e a responsabilidade. Afinal, já que vamos morrer, já que eu vou morrer, prefiro ser eu mesmo até o fim.
Isto é o que tenho aprendido ao longo da minha trajetória de vida. A vida é até o fim. A atual situação sanitária apenas evidenciou a nossa finitude de maneira mais forte. A morte está mais próxima. Não há mais tempo para fazer de conta que não é conosco.
![Rolando Lazarte](https://i0.wp.com/revistaconsciencia.com/wp-content/uploads/2021/05/WhatsApp-Image-2021-05-27-at-19.10.01.jpeg?resize=100%2C100&ssl=1)
Doutor em sociologia (USP). Terapeuta Comunitário. Escritor. Membro do MISC-PB Movimento Integrado de Saúde Comunitária da Paraíba. Autor de “Max Weber: ciência e valores” (São Paulo: Cortez Editora, 2001. Publicado em espanhol pela Editora Homo Sapiens. Buenos Aires, 2005), Mosaico (João Pessoa: Editora da UFPB, 2003), Resurrección, (2009). Vários dos meus livros estão disponíveis on line gratuitamente: https://consciencia.net/mis-libros-on-line-meus-livros/