Como sociólogo, como terapeuta comunitário, como cidadão, não posso deixar de partilhar algumas observações que a atual situação política e social do Brasil me suscitam.
O distanciamento, o estranhamento, a dissociação e a oposição entre a esfera do poder público e a cidadania, é total.
A sociedade civil vêm se defendendo da melhor maneira possível, estreitando laços colaborativos entre entidades e organizações que defendem a vida, a educação, a saúde e os demais Direitos Humanos.
A vontade genocida, destrutiva, exterminadora, não é apenas algo evidente da parte de um dos integrantes da esfera do poder, cujo nome é melhor não pronunciar.
O poder público como um todo, isto é: o legislativo e o judiciário, agem em perfeita sintonia com a vontade enlouquecida do tal inominável. A inoperância é cumplicidade. Um fazer de conta que proporciona uma fachada “democrática” para o genocídio
Para destruir um país e o seu povo, basta fazer o que está sendo feito: incentivar as queimadas na Amazônia, destruindo a biodiversidade, não cuidar da saúde da população, debochando das medidas de segurança recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), imprescindível para que não morramos.
Quebrar de cima abaixo o pouco que restava de respeito pelos valores mínimos da existência humana, após o processo de decomposição da cidadania declarado e executado pelo PSDB em 2013, quando perderam as eleições presidenciais que levaram Dilma Roussef (PT) à presidência da República.
O que fazer neste quadro? O que está sendo feito. Refazer a vida de baixo para cima e de dentro para fora. Valorizar a nossa própria pessoa, nossa família e comunidade. Não ceder à pressão desumanizadora do neonazismo atualmente implantado no Brasil
Recuperar a vontade soberana, a capacidade de decisão, além do que a imprensa e o poder disseminam. Recuperar a percepção, a consciência e a responsabilidade. Afinal, já que vamos morrer, já que eu vou morrer, prefiro ser eu mesmo até o fim.
Isto é o que tenho aprendido ao longo da minha trajetória de vida. A vida é até o fim. A atual situação sanitária apenas evidenciou a nossa finitude de maneira mais forte. A morte está mais próxima. Não há mais tempo para fazer de conta que não é conosco.

Doutor em sociologia (Universidade de São Paulo). Mestre em sociologia (IUPERJ). Licenciado em sociologia (Universidad Nacional de Cuyo, Mendoza, Argentina). Professor aposentado da UFPB. Terapeuta Comunitário Formador. Escritor. Membro do MISC-PB Movimento Integrado de Saúde Comunitária da Paraíba. Vários dos meus livros estão disponíveis on line gratuitamente: https://consciencia.net/mis-libros-on-line-meus-livros/