Fernando Pessoa: Poema

Poema

 

O céu, azul de luz quieta,

As ondas brandas a quebrar,

Na praia lúcida e completa —

Pontos de dedos a brincar.

 

No piano anónimo da praia

Tocam nenhuma melodia

De cujo ritmo por fim saia

Todo o sentido deste dia.

 

Que bom, se isto satisfizesse!

Que certo, se eu pudesse crer

Que esse mar e essas ondas e esse

Céu têm vida e têm ser.

s. d.

Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995).

– 246.

1ª publ. in Presença , nº 53-54. Coimbra: Nov. 1938.

Fonte: Arquivo Pessoa – Obra Édita

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