Com informações das Nações Unidas
Apesar da promessa de Israel em amenizar o bloqueio à Faixa de Gaza, 40 mil crianças palestinas passíveis de se inscreverem nas escolas das Nações Unidas este ano tiveram que se afastar esta semana. Isso ocorreu pois materiais destinados à construção de escolas não têm sido aprovadas para entrar na área desde 2007.
Embora Israel tenha permitido pela primeira vez em três anos a importação de material escolar para escolas públicas em Gaza, a proibição quase total sobre a importação de materiais de construção tem deixado alunos com muitas canetas e cadernos, mas sem salas de aula, informou a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos (UNRWA).
“A UNRWA tem 100 novas escolas para atender às demandas de matrícula das crianças de Gaza”, disse a Agência em um comunicado à imprensa. “O fato de os alunos se afastarem de escolas da UNRWA é apenas uma consequência da falta de salas de aula na Faixa de Gaza.
“Para lidar com a escassez de espaço em sala de aula, os alunos, na maioria das escolas de Gaza, estudam em dois turnos, em salas de aula com até 50 alunos. Por vezes recipientes metálicos de grandes dimensões são usados como salas de aula, com três crianças sentadas em mesas projetadas para duas”.
A construção de uma escola padrão requer cerca de 220 caminhões de materiais de construção, ou 22 mil caminhões para 100 escolas. A única passagem que Israel permite abrir, Kerem Shalom, pode acomodar cerca de 250 caminhões por dia, utilizados principalmente para alimentos e material humanitário.
Apesar das promessas, Israel tem ainda de aprovar um único caminhão de materiais de construção para as escolas da UNRWA e concordou em “negociar” a entrada de materiais para apenas oito das 100 escolas que necessitam de apoio. Desde a flexibilização do bloqueio, Israel permitiu a entrada mensal de 240 caminhões de materiais de construção, para todas as utilizações, em comparação com mais de 5 mil caminhões mensais antes do bloqueio – ou 4% do que era permitido antes do bloqueio.
Educação: um direito básico de todas as crianças
“O direito à educação é um direito básico de todas as crianças”, afirmou o diretor da UNRWA em Gaza, John Ging. “Para as crianças de Gaza, a realização desse direito depende da construção continuada das escolas, porque todas as medidas provisórias e alternativas já foram esgotadas”.
Estudantes de escolas da UNRWA possuem um currículo especializado em direitos humanos e pensamento crítico, que não estão disponíveis em escolas públicas. Além disso, de acordo com registros da UNRWA, os alunos em suas escolas possuem uma pontuação 20% maior que alunos da escola do governo em testes de aptidão internacional.
O Secretário-Geral Ban Ki-moon e outros altos funcionários da ONU têm apelado repetidamente pelo fim do bloqueio que Israel impõe em Gaza, bloqueio este imposto pelas chamadas “razões de segurança”, depois que o setores do Hamas que não reconhecem o direito de Israel a existir expulsaram o Fatah da Faixa de Gaza em 2007.
Em junho de 2010, Israel aliviou o bloqueio para permitir que mais mercadorias civis entrem no território.