Equador: Comunidades querem aumento da indenização no caso Chevron-Texaco

A foto não é uma montagem: A Chevron-Texaco deixou sua marca na Amazônia Equatoriana. Foto: Raoni Maddalena“Chevron nunca fez um trabalho responsável no Equador, nunca respeitou as leis do Equador e dos Estados Unidos. Simplesmente despejou resíduos tóxicos em rios e pântanos para economizar dinheiro”, afirma advogado das comunidades.
Comunidades amazônicas do Equador afetados pela poluição causada pela empresa petrolífera Chevron-Texaco apresentaram à Justiça um novo pedido para a compensação entre 40 e 90 bilhões de dólares por danos causados ao meio ambiente.
Os recorrentes, reunidos na chamada “Assembleia de Pessoas Atingidas pela Texaco”, apresentaram o pedido na quinta-feira (16) à tarde, acompanhados de documentos técnicos explicando critérios científicos e econômicos, para apoiar os novos valores. O pedido anterior era de 27 bilhões de dólares.

Manuel Salinas mostra a terra misturada com petróleo; saúde precária e produção agrícola contaminada. Foto: Raoni Maddalena
Manuel Salinas mostra a terra misturada com petróleo; saúde precária e produção agrícola contaminada. Foto: Raoni Maddalena

O advogado responsável pelo pedido, Pablo Fajardo, disse à AP que a “Chevron nunca fez um trabalho responsável no Equador, nunca respeitou as leis do Equador e dos Estados Unidos. Simplesmente despejou resíduos tóxicos em rios e pântanos para economizar dinheiro”. Fajardo é um conhecido advogado equatoriano na área de direitos humanos e direitos dos povos da Amazônia.

Óleo brota do solo num simples pisar
Óleo brota do solo num simples pisar

A petição apontou que a empresa teria derramado milhões de litros de petróleo bruto e de resíduos tóxicos durante o período em que operou na região, entre 1972 e 1990.
“Com suas práticas, não respeitam nem o ambiente, nem a cultura, nem os povos indígenas. Realizou uma operação irresponsável, criminosa e perversa na Amazônia Equatoriana”, acrescentou ele, explicando que o valor anterior de 27 bilhões de dólares “não poderia reparar todos os danos causados”.
Assista à mensagem dos atingidos pela Chevron-Texaco:

(Conheça o site da campanha)
Entre os danos que o documento aponta está “a morte de pessoas com câncer, limpeza de piscinas, limpeza dos sedimentos do rio e das águas subterrâneas, os danos culturais, alimentação e terra para os povos indígenas e para a água potável”.
Em agosto de 2007, o perito nomeado pelo tribunal, Richard Cabrera, fixou em 27 bilhões de dólares o montante a ser pago pela empresa, então Texaco. A Chevron comprou a Texaco em 2001.
Rafael Correa, presidente do Equador, confere água com cheiro de gasolina. Foto: Raoni Maddalena
Rafael Correa, presidente do Equador, confere água com cheiro de gasolina. Foto: Raoni Maddalena

“Estamos analisando as novas cifras, quase três vezes o absurdo dos valores já absurdos apresentados por (Richard) Cabrera”, disse à AP o porta-voz da Chevron, James Craig. Ele acrescentou que “é óbvio que eles estão delirando e que esta é uma campanha de mídia. A cifra não tem base científica ou técnica”.
Mariana Jimenez, um dos afetadas, afirmou que “as vítimas têm esperado 17 anos para uma sentença, suportando todos os tipos de manobras legais para adiar o momento da sentença, vendo adoecer e morrer nossa família e amigos. Não há dinheiro que seja suficiente para remediar essa dor”.
Os habitantes da Amazônia equatoriana entraram com um processo em 1993, acusando a Texaco e, mais tarde, sua compradora Chevron, por extensos danos ambientais. O processo ainda está em aberto.
(Com informações de Gonzalo Solano, da Associated Press no El Nuevo Herald, em 17/09/2010. Tradução: @direitohumano)

Para saber mais sobre o caso, acesse a matéria publicada na Revista do Brasil em de agosto de 2009 clicando aqui.

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