Se os gestores não são seus usuários, os serviços do público se dão mal

Quanto tempo esperando esse transporte!

Quando chega, é lotado, e vou em pé

Anda lento, parece em marcha à ré

Quatro vezes por dia, há quem suporte?

Pro gestor, isso já seria a morte…

Sua vida, porém, é especial

Pois a máquina lhe dá completo aval

E, não raro, tornando-o perdulário

Se os gestores não são seus usuários

Os serviços do público se dão mal!

Coisa igual se repete na saúde

É do SUS? O gestor não se habilita

Nunca vai ter noção de hora aflita

Com ambulância o povão então se ilude

E se instala de vez tal atitude

Na escola, é o mesmo ritual

Qual gestor põe seu filho em escola tal?

Toca aos pobres arcar com o ordinário

Se os gestores não são seus usuários

Os serviços do publico se dão mal!

Quanto ganha, de ofício, um magistrado?

Presidente e ministros ganham quanto?

E quem varre das ruas cada canto

Camponês vive à margem, maltratado

Quanto mal se percebe nesse estado

Por que, então, endeusar telejornal?

O que eles divulgam, afinal?

Pra que vale apostar em mandatáio

Se gestores não são seus usuários

Os serviços de público se dão mal!

Quanto ganha a doméstica ou um vigia?

Professora primária ganha quanto?

E quem varre na rua cada canto?

Vive à margem o campona, e se atrofia

E a Reforma não vem: que covardia!

E a mídia a incensar o Capital

Quer a Globo, ou a Band – é tudo igual

E por que apostar em mandatário?

Se os gestores não são seus usuários

Os serviços do público se dão mal

Quão distante a elite está dos pobres

Só na hora do voto chega perto

De mentira o sistema está coberto

Ao faminto eu não digo: “Não te dobres.”

Digo: “Pega! Ele é teu, se vem dos nobres…”

Eleição é ridículo festival

Que a elite inventou, de modo tal

A fazer do pilantra um mandatário

Se os gestores não são seus usuários

Os serviços do público se dão mal

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