Quando os ruralistas tentam justificar os mais de 700 mil quilômetros quadrados de floresta amazônica dilacerados nos últimos 40 anos, o discurso é sempre o mesmo: eles estão levando desenvolvimento à região.
Só se for de suas porteiras para dentro. No documento “A Amazônia e os Objetivos do Milênio 2010”, publicado esta semana pelo Imazon, uma das regiões que mais tem crescido e que mais tem contribuído com o PIB nacional está na lanterninha nos indicadores sociais e ambientais.
Segundo o estudo, a situação da Amazônia é crítica quando se trata de pobreza, saúde, saneamento básico e violência. Enquanto, em 2009, uma média de 29% da população brasileira era afetada pela pobreza, no eldorado verde esse número estava em 42%.
Ironia dos fatos, é também ali, onde fica a maior bacia hidrográfica do mundo, que cerca de 34% da população local não têm acesso a água encanada. E mais de 80% dos municípios amazônicos sequer tem rede coletora de esgoto.
Os autores do estudo não têm dúvida: a economia do desmatamento, que inchou a região de forma desordenada e a explorou de maneira desigual, tem deixado seu longo rastro. Quem está na frente – indígenas e demais populações tradicionais – tem que se virar para sobreviver e viver bem.
A pesquisa do Imazon é uma análise da evolução das metas propostas pela Organização das Nações Unidas (ONU) para 2015. Com números tão desanimadores, fica claro que a região precisa, urgentemente, de uma nova economia. Uma que pare de sugar seus recursos para enriquecer a outros. Que deixe ali mesmo a riqueza que lhe é de origem: a floresta e seus povos.
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