
Por Enih Gil’ead, disponível no Recanto das Letras.
Uma vez em Dakar, Senegal, eu não podia deixar de visitar a Ilha de Goré e a sua famosa ‘Porta sem Retorno’.
– “Por esta porta,” explicava o guia senegalês, “passavam os escravos que eram vendidos especialmente para as américas. Ela ficou com esse nome porque, uma vez transposta, o escravo não veria jamais a sua terra natal, seu povo, sua cultura e nem os seus valores como ser humano! Os negros africanos, além de serem saqueados e maltratados, ainda eram vendidos como escravos…”
– “É, inclusive o Papa já esteve aqui, há alguns anos”, disse alguém no meio da comitiva de turistas, “pedindo perdão pelas atrocidades perpetradas contra os africanos; não foi?”
– “Sim…”, disse o senegalês. “Mas, e quanto aos prejuízos? Alguém falou em reparação?”