Você sabe quem é Joana Havelange?

Trata-se da filha de Ricardo Teixeira (o “ex”-presidente da CBF) e que também exerce o cargo de neta de João Havelange (ex-presidente da Fifa).
Por favor, não usem a palavra nepotismo, isso é coisa de serviço público.
Pois bem, Joana é curiosamente a diretora do Comitê Organizador Local da Copa do Mundo (COL) e, num surto de sinceridade, compartilhou em seu perfil no Instagram a seguinte mensagem: “Não apoio, não compartilho e não vestirei preto em dia nenhum de jogo do Mundial. Quero que a Copa aconteça da melhor forma. Não vou torcer contra, até porque o que tinha que ser gasto, roubado, já foi. Se fosse para protestar, que tivesse sido feito antes”.
O que será que ela sabe, sendo a própria diretora executiva de Planejamento Estratégico e Suporte a Operações do Comitê?
Um deputado no Rio — Marcelo Freixoquer saber. Ele acionou, nesta quarta-feira (28/5), o Ministério Público para que Joana dê informações sobre quem roubou e qual o tamanho do prejuízo.
Pelo currículo, deve ser só um palpite da menina mesmo.
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Enquanto isso, no Comitê…
“Vamos separar os vândalos e os mascarados de um lado, que esse é a minha opinião é que tem que baixar o cacete neles, tem que tirar esses vândalos da rua, prender todos eles. Essa é a minha opinião sobre esses vândalos mascarados.”
Ronaldo, outro membro do ilustra Comitê da Copa, em entrevista à Folha.
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O deputado Chico Alencar, atento: “Não estamos brincando quando falamos que o financiamento empresarial de campanhas eleitorais está na raiz da corrupção e do favorecimento de determinados grupos pelo poder público.
Na última semana foi divulgada a notícia: a Odebrecht, corporação transnacional brasileira, ‘doou’ 2/3 de todo o orçamento do PMDB em 2013. Veja aqui: http://bit.ly/OdebrechtPMDB
Pra quem não entendeu: A Odebrecht é a Odebrecht dos estádios da Copa, das megausinas hidrelétricas na Amazônia, dos projetos privatizantes como o Porto Maravilha, dos investimentos em tecnologia agroindustrial.” (leia na íntegra clicando aqui)
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O “novo” Maracanã
Atualmente, na área de esportes, JORNALISMO — assim, em caixa alta — é feito apenas pela ESPN. E inclui, claro, vigilância do poder, como deveria ser sempre.
Nesta reportagem, entende-se como o “novo Maracanã” foi utilizado como um instrumento de negócios, de lucro, e tão somente entre os amigos do poder constituído — entre eles do ex-governador Sergio Cabral e outros dirigentes.
Quem reclama, desta vez, do direcionamento político e da má gestão dos recursos públicos, pasmem, não é a sociedade civil organizada ou os movimentos sociais: são os próprios clubes de futebol, que estão, juntamente com o público, enriquecendo empresários muito bem identificados nesta matéria.
A ESPN Brasil marca um gol de placa a nos dar esperança de que o jornalismo ainda existe. Assista à matéria clicando aqui.
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Defensores do projeto falavam em beneficiar pequenos comerciantes e, como de costume, a promessa virou pó. Entenda aqui e aqui.
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Ainda sobre a Copa
Por favor parem de repetir que os “olhos do mundo estão voltados para o Brasil” sem refletir.
Há pelo menos 10 crises humanitárias pelo mundo — Sudão do Sul, República Centro-Africana, Síria, Mali, RD Congo e por aí vai — que são repetidamente esquecidas porque os “olhos do mundo” nunca souberam para onde olhar. Há milhões de refugiados, número crescente, centenas de milhares morrendo todos os dias. Cadê os olhos do mundo onde mais precisamos?
Nossos problemas resolvemos nós aqui. Não precisamos dos olhos do mundo — ou será que pararemos de lutar pelos nossos direitos quando os “olhos do mundo” se voltarem para Paris ou Nova York de novo?

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