UNICEF pede que países de origem, trânsito e destino protejam migrantes vulneráveis

A chocante imagem de um migrante da América Central e de sua filha pequena afogados nas margens do rio na fronteira entre México e Estados Unidos continua gerando fortes reações, a mais recente delas da chefe do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).

“A foto de partir o coração mostrando os corpos sem vida da pequena salvadorenha Valeria e de seu pai, Oscar, na margem do Rio Grande, é um duro lembrete dos perigos enfrentados por migrantes que tentam chegar aos EUA”, disse Henrietta Fore. “É uma imagem dura que deveria perturbar todos nós”.

Em pedido para que países de origem, trânsito e destino aumentem a proteção de migrantes vulneráveis, a diretora-executiva do UNICEF alertou sobre as condições dos abrigos governamentais na fronteira entre EUA e México.

Segundo Fore, estes centros causam danos duradouros em jovens que precisam de ajuda.

“Estresse tóxico” em centros de detenção causa danos irreparáveis

“Relatos recentes vindos de alguns desses centros são sombrios”, afirmou. “Crianças não deveriam estar em ambientes inseguros, que podem causar estresse tóxico e danos irreparáveis à saúde e ao desenvolvimento”.

Segundo Fore, “é difícil entender o que está acontecendo em um país com uma história tão rica de defesa das crianças em necessidade no mundo todo, especialmente aquelas que foram retiradas de suas casas e de comunidades por conta de crises”.

As declarações foram feitas depois da renúncia na terça-feira (25) do chefe interino da agência de proteção fronteiriça dos EUA, em meio a relatos de que crianças migrantes não tinham suas necessidades básicas atendidas, incluindo sabonetes e escovas de dente, em um centro no Texas.

Violência e pobreza nos fizeram fugir, dizem detidos no México

Descrevendo seu encontro nesta semana com famílias migrantes da América Central em um abrigo em Tijuana, no México, Fore explicou que alguns dos jovens ficaram traumatizados por eventos nos países de origem ou durante a rota na fronteira com os EUA.

“Ninguém queria deixar seus países, mas todos sentiam que não tinham escolha por conta da ameaça de violência de gangues ou da pobreza opressora. Esta é uma situação dura, que exige ação urgente e financiamento para fornecer às crianças e às famílias os serviços essenciais e apoio”.

Embora o UNICEF esteja trabalhando para dar às crianças migrantes melhor acesso a proteção, educação e outros serviços, “onde quer que estejam”, Fore instou autoridades nacionais a seguirem o exemplo, para garantir direitos, proteção, bem-estar e dignidade.

“Nenhum país consegue fazer isso sozinho”, afirmou. “Responder às causas da migração forçada e às necessidades de crianças deslocadas exige sério comprometimento e recursos”.

Presidente da Assembleia Geral destaca Pacto Global para a Migração

Comentando a trágica morte de pai e filha no Rio Grande, a presidente da Assembleia Geral, María Fernanda Espinosa, disse que “não podemos ter mais pessoas morrendo porque decidem migrar”.

Espinosa disse a jornalistas em Nova Iorque que “isso é precisamente o porquê de Estados terem se juntado e criado o Pacto Global para a Migração”. “Essa é a razão de termos fortes diretrizes internacionais para os direitos humanos. Pessoas em movimento são seres humanos e, como tais, precisam ter seus direitos fundamentais respeitados”.

Se os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) forem alcançados, “será o maior serviço e a maior estratégia preventiva à migração perigosa e insegura”, disse ela. Segundo Espinosa, o Pacto, formalmente endossado pela Assembleia Geral em dezembro, cria “um panorama para a migração ordenada, segura e regular”.

Fonte: Nações Unidas (28-06-2019)

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