Sindicalista discrimina lésbica, tem que se desculpar na justiça e prestar serviços comunitários GLBT

MS Lade Bug.Flickr.2007

O grupo Matizes, do Piauí, é um dos grupos GLBT mais ativos do país. Faz seminários, passeatas, semanas, shows e tudo mais. Uma das suas associadas, Aurenísia Nunes, foi discriminada publicamente por uma sindicalista, ano passado, e não deixou barato. Deu queixa na delegacia e entrou com processo judicial.

O processo tramitava desde o 1º semetre de 2006. Aurenísia (vítima da discriminação), através da Defensoria Pública, insistia na necessidade de que a sindicalista Iracema, além de pedir desculpas, deveria ser penalizada na prestação de serviços comunitários a alguma entidade/organização ligada ao segmento LGBT – aliás, pena que deveria ser sempre aplicada a quem discrimina.

Finalmente, no último 17 de setembro foi fechado um acordo entre as partes:

a) A querelada (Iracema) pediu desculpas à querelante (Aurenísia);
b) Ambas se comprometeram a se respeitar mutuamente, sem intervir na vida particular uma da outra;
c) A querelada (Iracema) deverá freqüentar 03 (três) reuniões agendadas pelo Centro de Referência Homossexual Raimundo Pereira.

A seguir, uma pequena e exclusiva entrevista com Aurenísia Nunes, autora da ação. O www.emdiacomacidadania.com.br deu a notícia e fez uma pequena entrevista com a ativista vitoriosa.

Entrevista – Aurenísia Alves Nunes, a Magona

O que houve, como foi isso da sindicalista te discriminar?

Aurenísia: Fui contratada para digitar uma grade dos funcionários do serviço Presta, da Saúde do estado do Piauí, repassado pela Iracema dos Santos Silva, que me entregou tudo errado, qual foi minha supresa quando ela começou a me jogar indiretas. Avisei que discriminação dava cadeia e processo, ela não acreditou.

Ela já havia agredido você verbalmente antes?

Aurenísia: Ela sempre me dizia que não gostava de homossexuais, tinha nojo desse tipo de gente, e eu sempre a reclamava.

E onde foi?

Aurenísia. Aconteceu no maior sindicato do Estado do Piauí, o Sindicato dos Empregados em Estabelecimento de Saúde do Estado do Piauí (SINDESPI), onde tem alguns diretores que gostam de discriminar as pessoas.

Você deu queixa no ato?

Aurenísia: Sim. Fui ao grupo Matizes, do qual sou sócia, e juntamente com os outros sócios fomos à Delegacia de Combate às Condutas Descriminatórias, e prestei queixa no mesmo dia, 17 de abril de 2006.

E o processo, como rolou? Foi um acordo em uma audiência de conciliação ou era processo criminal?

Aurenísia: O processo rolou nornal, como determina a Justiça, que foi 1 ano e 5 meses. Olha, não foi bem um acordo, a Iracema me pediu desculpas, mas eu não a desculpei e é um processo criminal, ela sentou no banco dos réus. Por causa desse processo, ela foi impedida de ser candidata pelo PSOL.

Você se deu por satisfeita?

Aurenísia: Pra te falar a verdade eu sou uma grande vitóriosa. Falo assim, pois foi o primeiro caso a ser julgado no Piauí, penso eu até mesmo no Brasil. Então, Márcia, é uma grande vitória não só pra mim como para o grupo Matizes, pois conseguimos com nossa união, que é grande, colocar uma pessoa lesbofóbica no banco dos réus, e tem mais: ela vai prestar seviços no Centro de Referência de Homossexuais Raimundo Pereira.

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