Após anos de luto Hoje luto cada minuto
Significando a vida
Ficou um crédito imenso em favor do presente
Como lembrou uma amiga também sobrevivente
Não me venham com guerras santas
Nada de santo há nesse afazer covarde e cruel
Luto contra a exclusão social
Pela inclusão de todas as pessoas
Esta é a minha luta
Poetizar é a arma
Ando pelo mundo
Me vendo no olhar diverso
Converso e escuto e me escuto
Abro espaço para a vida
Ofício de poeta.
Nasci num mundo em guerra
Guerra que veio para dentro
Para perto, tudo em volta
Volta e meia acordando novamente
Em estado de alerta.
Setentando agora à luz do crepúsculo
Vejo os sóis costurados no caminho.
Não me venham com guerras santas
Vão trabalhar! Vão estudar! Vão ser gente!
Aprender a amar dá trabalho
Matar não é um trabalho.
Não me venham com guerras santas
A única guerra santa é a que nos faz humanos, humanas
É a educação, a arte e a cultura
A comunidade e a família.
Não me venham com guerras santas.

Doutor em sociologia (USP). Terapeuta Comunitário. Escritor. Membro do MISC-PB Movimento Integrado de Saúde Comunitária da Paraíba. Autor de “Max Weber: ciência e valores” (São Paulo: Cortez Editora, 2001. Publicado em espanhol pela Editora Homo Sapiens. Buenos Aires, 2005), Mosaico (João Pessoa: Editora da UFPB, 2003), Resurrección, (2009). Vários dos meus livros estão disponíveis on line gratuitamente: https://consciencia.net/mis-libros-on-line-meus-livros/