
‘Direitos humanos não são todos de uma vez nem de uma vez por todas’ – Norberto Bobbio, filósofo italiano
Existe uma polícia especial que abertamente faz espionagem e se infiltra nos movimentos sociais para entregar lideranças e prendê-los, inclusive dentro de suas casas.
Quando a imprensa, tradicional braço do poder, não interessa mais, é atacada — inclusive fisicamente, violentamente, com bombas de borracha e gás lacrimogêneo.
As leis não valem mais: os objetivos do Estado estão acima de leis que o impedem de manter a “ordem”.
Não se ouvem mais as vozes dos advogados, porque isso seria equiparar direitos. E os advogados que buscando fazer sua parte não tem visibilidade e acabam se tornando igualmente inimigos do Estado.
As decisões sobre a vida do povo são negociadas em cúpulas e, caso não estejam de acordo, as massas devem ser atingidas com violência e ser dispersadas, mesmo que isso tenha “efeitos colaterais”. A ordem está acima da vida.
Isso tudo conta com o apoio de uma população inerte, seduzida pelo mais novo aparato técnico à disposição dos grandes meios de circulação da informação, que se cala por ser incapaz de se indignar e de criar empatia pelo Outro. O próximo do qual todas as religiões falam.
Se você não acha isso grave, poderia estar vivendo na Alemanha nazista ou em qualquer outro sistema totalitário à sua escolha. E estaria apoiando o regime.
Somos como aqueles regimes? Não. Nossa democracia é mais forte do que isso. Mas você, que não vai às ruas ou apoia como pode os movimentos, com certeza tem um lado. E poderia estar, neste exato momento, apoiando a eliminação programada e matemática de minorias arbitrariamente selecionadas em campos de concentração.
Mas como você está no Brasil, em 2013, o apoio é para o aparato repressivo do Estado.
Ainda dá tempo. Apoiar o direito à reunião, à manifestação pacífica e à livre expressão é um dever de todos que não desejam virar, potencialmente, alvos arbitrários de um massacre programado.
E, agora, a única forma de fazê-lo é mostrar que as pessoas podem mais do que o Estado opressor. E elas podem.
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Jornalista, 41, com mestrado (2011) e doutorado (2015) em Comunicação e Cultura pela UFRJ. É autor de três livros: o primeiro sobre cidadania, direitos humanos e internet, e os dois demais sobre a história da imigração na imprensa brasileira (todos disponíveis em https://amzn.to/3ce8Y6h). Acesse o currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0384762289295308.