Porque ainda dá tempo para a democracia

Primeiro domingo no Rio de Janeiro durante a Copa das Confederações, 2013. Foto: Rafael Barreto (facebook.com/asknietzsche)
Primeiro domingo no Rio de Janeiro durante a Copa das Confederações, 2013. Foto: Rafael Barreto (facebook.com/asknietzsche)

‘Direitos humanos não são todos de uma vez nem de uma vez por todas’ – Norberto Bobbio, filósofo italiano

Existe uma polícia especial que abertamente faz espionagem e se infiltra nos movimentos sociais para entregar lideranças e prendê-los, inclusive dentro de suas casas.

Quando a imprensa, tradicional braço do poder, não interessa mais, é atacada — inclusive fisicamente, violentamente, com bombas de borracha e gás lacrimogêneo.

As leis não valem mais: os objetivos do Estado estão acima de leis que o impedem de manter a “ordem”.

Não se ouvem mais as vozes dos advogados, porque isso seria equiparar direitos. E os advogados que buscando fazer sua parte não tem visibilidade e acabam se tornando igualmente inimigos do Estado.

As decisões sobre a vida do povo são negociadas em cúpulas e, caso não estejam de acordo, as massas devem ser atingidas com violência e ser dispersadas, mesmo que isso tenha “efeitos colaterais”. A ordem está acima da vida.

Isso tudo conta com o apoio de uma população inerte, seduzida pelo mais novo aparato técnico à disposição dos grandes meios de circulação da informação, que se cala por ser incapaz de se indignar e de criar empatia pelo Outro. O próximo do qual todas as religiões falam.

Se você não acha isso grave, poderia estar vivendo na Alemanha nazista ou em qualquer outro sistema totalitário à sua escolha. E estaria apoiando o regime.

Somos como aqueles regimes? Não. Nossa democracia é mais forte do que isso. Mas você, que não vai às ruas ou apoia como pode os movimentos, com certeza tem um lado. E poderia estar, neste exato momento, apoiando a eliminação programada e matemática de minorias arbitrariamente selecionadas em campos de concentração.

Mas como você está no Brasil, em 2013, o apoio é para o aparato repressivo do Estado.

Ainda dá tempo. Apoiar o direito à reunião, à manifestação pacífica e à livre expressão é um dever de todos que não desejam virar, potencialmente, alvos arbitrários de um massacre programado.

E, agora, a única forma de fazê-lo é mostrar que as pessoas podem mais do que o Estado opressor. E elas podem.

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