Uma pessoa anônima
Pode ser anônima uma pessoa?
Se permitiu censurar, ironizar
A minha esperança de que um presidente eleito na Argentina
Fizesse algo de bom pelo meu povo e pelo meu pais.
Nunca deixarei de ter esta esperança
De que um presidente, uma presidenta
Façam o que o meu povo e o meu país precisam.
A distância não me faz enxergar mal
Talvez agigante o tamanho da minha esperança
Mas não deixarei de pensar,
Não deixarei de esperar
Que quem assuma a presidência da Argentina
Em qualquer tempo que seja
Aja no sentido maior da vida
A justiça e a paz.
Anônimo, anônima
Dê a cara
Eu dou a cara
Não tenho medo de dizer quem sou
Não tenho vergonha de ser quem sou
Posso errar ao dar um voto de esperança
Mas desesperançar é algo que nunca vou me permitir.
A distância não me faz enxergar mal, não
Você pode estar no chão do meu pais
E estar com a cabeça sabe Deus aonde
Eu estou onde estou, que é o meu país.
Aprendi isto no exílio
Não há exílio mais doído do que o exílio de si
O não ser quem se é
O não ter amor nem amar.
Isto deve ser o inferno.
Não há ideologia que possa encobrir a pobreza moral
A miséria interior que se esconde no anonimato.

Doutor em sociologia (Universidade de São Paulo). Mestre em sociologia (IUPERJ). Licenciado em sociologia (Universidad Nacional de Cuyo, Mendoza, Argentina). Professor aposentado da UFPB. Terapeuta Comunitário Formador. Escritor. Membro do MISC-PB Movimento Integrado de Saúde Comunitária da Paraíba. Vários dos meus livros estão disponíveis on line gratuitamente: https://consciencia.net/mis-libros-on-line-meus-livros/