A pandemia da COVID-19 está levando a “um mundo ainda mais desigual”, disse a vice-secretária-geral da ONU, Amina Mohammed, na quinta-feira (15), durante na sessão de encerramento do Fórum de Financiamento para o Desenvolvimento (FFD). As deliberações, ao longo do fórum de quatro dias, destacaram o alcance total do impacto da pandemia.
“A pior crise sanitária e econômica de nossas vidas expôs e exacerbou as vulnerabilidades em nossas economias e sociedades, levando alguns a descrever a COVID-19 como o vírus da desigualdade”, acrescentou ela ao ressaltar que muitos países de baixa renda estão vendo agora seus ganhos de desenvolvimento serem revertidos.
Problemas alarmantes – De acordo com Mohammed, os países em desenvolvimento têm enfrentado o aumento do peso da dívida, orçamento fiscal restrito e altos custos de empréstimos, o que restringe sua capacidade de resposta à pandemia. “O mundo divergente para o qual aceleramos em direção é uma catástrofe para todos nós”, explicou. “É moralmente correto e economicamente racional ajudar os países em desenvolvimento a superar esta crise”.
Para evitar o risco de uma “década perdida para o desenvolvimento”, ela defendeu que os níveis extraordinários de gastos públicos “continuam a ser primordiais para manter as economias vulneráveis funcionando”. A vice-secretária-geral também afirmou que são necessárias transformações estruturais para proteger a economia global contra crises futuras.
“Praga moral” – Em seu discurso, Mohammed colocou o acesso rápido às vacinas para todos os cidadãos do mundo como uma grande prioridade. Atualmente o número médio de pessoas vacinadas na África permanece abaixo de um por cento.
“Esta é uma praga moral para a comunidade internacional”, disse ela. Ela reforçou o apelo que diversos funcionário e agências da ONU têm feito aos governos, parceiros de desenvolvimento e atores do setor privado para “financiar a vacinação equitativa para todos, com a máxima urgência”.
Também é crucial aliviar as pressões da dívida e da liquidez, continuando e expandindo a Iniciativa de Suspensão do Serviço da Dívida para incluir países vulneráveis de renda média e pequenos estados insulares em desenvolvimento.
“A elegibilidade para o alívio da dívida deve ser baseada na necessidade real e não no PIB, especialmente à medida que o mundo enfrenta uma catástrofe climática”, afirmou a vice-secretária-geral, acrescentando que os governos não devem ser forçados a pagar o serviço da dívida “às custas de atender às suas próprias populações”.
Promovendo investimentos – A pandemia também destacou a importância de investimentos iniciais em medidas de proteção social, para proteção contra choques futuros.
“Os governos precisam priorizar o bem-estar de suas populações, inclusive por meio de investimento pesado em educação gratuita, saúde universal e sistemas de saúde fortes”, defendeu a funcionária da ONU, também ressaltando a importância de “separar os meios de subsistência da volatilidade da economia global” e garantir uma renda fixa.
Cumprindo metas – Para atingir esses objetivos, o mundo precisa redirecionar o financiamento para onde é mais necessário, “com um olhar estratégico” para evitar que futuros choques se transformem em desastres no nível da COVID-19, alertou a vice-secretária-geral da ONU.
“Governos devem fortalecer o planejamento do investimento sustentável e nós devemos abordar os incentivos e os entraves para liberar o capital privado para investir no desenvolvimento sustentável”, acrescentou.
Voltando aos trilhos – A alta funcionária da ONU reconheceu que os desafios de hoje vão além da COVID-19 e incluem a crise climática, a seca, a fome e o aumento da insegurança. “Todos estes desafios estão sendo exacerbados pelos efeitos econômicos a longo prazo do vírus da desigualdade”, afirmou.
Os esforços de recuperação devem enfrentar todos esses desafios “de frente”, disse Mohammed, instando todos os participantes a tomarem “ações imediatas para uma resposta global oportuna e adequada que nos coloque de volta no caminho para um mundo próspero, sustentável e igualitário, além da implementação da Agenda 2030”.
O sexto Fórum FFD aconteceu entre 12 e 15 de abril de 2021 em um formato híbrido (virtual e presencial) na sede da ONU em Nova York.
Fonte: Nações Unidas – Brasil