Hoje pintei este quadro de flores em um jarro. Como sempre, é muito instrutivo este processo de se abstrair por uns momentos das expectativas de resultados e desempenho, e se deixar levar para um mundo de maior gratuidade e leveza. Um mundo infantil, ou mundos infantis. Lembrava dos meus pais, que me introduziram no mundo da pintura e do desenho. Lembrava de tanta gente que conheci graças à pintura e às cores. Alguém que me ensinou alguma coisa, alguma técnica.
Nem sempre obedeço essas dicas ou técnicas, mas a lembrança vem. Quando começava a ver o desenho ir aparecendo, vinha uma alegria muito antiga. Comecei a pintar desde guri. Brincando com cores e formas. Foi uma das heranças mais preciosas da minha criação. Meus pais sempre me estimularam a pintar, e meus irmãos, esposa e amigos, sempre me alentaram a seguir nesse caminho. Um caminho que comunica. Sempre sinto que é um caminho que vai e vem, uma estrada de duas vias, pelo menos. Uma é a que vem até a tela, uma estrada plural, junção de muita gente e lugares, momentos. Outra, a que vem da tela para você, para mim, para quem estiver olhando. O ambiente se transparenta, fica mais leve, mais tênue.

Doutor em sociologia (Universidade de São Paulo). Mestre em sociologia (IUPERJ-Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro). Licenciado em sociologia (Universidad Nacional de Cuyo, Mendoza, Argentina). Professor aposentado da UFPB. Terapeuta Comunitário Formador. Escritor. Membro do MISC-PB Movimento Integrado de Saúde Comunitária da Paraíba. Autor de “Max Weber: ciência e valores” (São Paulo: Cortez Editora). Vários dos meus livros estão disponíveis on line gratuitamente: https://consciencia.net/mis-libros-on-line-meus-livros/