Por Karla Alessandra
Deputado defende que prática seja estendida a secretarias estaduais e municipais de Saúde
A Terapia Comunitária Integrativa (TCI), criada no Brasil há 36 anos e que hoje está implantada em 23 estados e conta com cerca de 7 mil terapeutas em todo o País, poderá ser muito útil para a pós-pandemia de Covid-19, quando a população vai precisar de atendimento especializado em razão dos traumas deixados pela doença.
A opinião é da representante da Associação Brasileira de Terapia Comunitária, Milene Zanoni, que participou de videoconferência promovida pela Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara sobre o assunto na última terça-feira (10).
Ela lembrou que a TCI é uma das 29 práticas integrativas e complementares de saúde disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo Zanoni, essa tem sido a terceira das práticas em uso, principalmente depois do início da pandemia, quando o atendimento passou a ser virtual.
“Não tem como pensar neste momento pós-Covid, sem pensar em alternativas como a da terapia comunitária. Acho que a gente precisa pensar em capacitação em TCI financiada pelo setor público, em especial pelo governo federal, porque nos estados e municípios a gente encontra grandes barreiras”, disse.
Para Milene Zanoni, é preciso sensibilizar os gestores para que seja implantado efetivamente a TCI nos municípios. “E por último, e não menos importante, é o reconhecimento dos terapeutas comunitários em sua ocupação porque senão eles não vão conseguir ser contratados nem pelo setor público, nem pelo setor privado e não vão conseguir legitimar os seus direitos como pessoas que têm uma ocupação como terapeutas comunitários.”
Criador do método
A Terapia Comunitária Integrativa funciona por meio de rodas de conversas, e hoje envolve milhares de pessoas no país e no exterior. O princípio é simples, porque, segundo o criador do método, Adalberto Barreto, as pessoas, ao conversarem sobre problemas comuns, conseguem encontrar caminhos para solucionar suas dores.
De acordo com Barreto, que participou de videoconferência, o grande sucesso da TCI é ser um modelo co-participativo, no qual as pessoas fazem parte da solução e não somente o profissional de saúde.
“O meu papel foi apenas reforçar essa dinâmica que eu presenciei no primeiro dia, que lhes permitia encontrar soluções entre si, usando seus próprios recursos para eles acreditarem em si mesmo, então o meu trabalho era no sentido de dizer: sim eu posso. ”

TCI e o SUS
A coordenadora nacional da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares do Ministério da Saúde, Cristiane Matos, concordou com a importância da Terapia Comunitária Integrativa durante e após a pandemia.
“É uma prática extremamente eficaz, assertiva nos encaminhamentos, e, além de tudo, brasileira, e que nós vemos aí a grande possibilidade da TCI, nesse exato momento no qual nos encontramos, no âmbito da pandemia, como uma tecnologia no nosso SUS que pode muito ajudar no tratamento e no encaminhamento de pessoas que estão desenvolvendo problemas de ansiedade e depressão”, afirmou.
O deputado Odorico Monteiro (PSB-CE) reforçou a necessidade de a terapia comunitária integrativa ser prática cada vez mais acessível em todo o país.
“A terapia comunitária, junto das outras práticas integrativas, está construindo seu espaço no Ministério da Saúde. Precisamos agora, cada vez mais, sensibilizar as secretarias estaduais e as secretarias municipais para que essa política pública se verticalize dentro do SUS”, observou o deputado.
Edição – Roberto Seabra
Fonte: Agência Câmara de Notícias
(13-08-2021)