DIREITOS HUMANOS: INTERESSES PRIVADOS CONTRA POLÍTICAS PÚBLICAS

Já são 20 dias de intenso bombardeio contra o Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3). Ontem o Jornal da Band (veja artigo do Azenha), apresentado por Bóris CCCasoy, levou ao ar uma pseudo-reportagem. O texto fala que o decreto do PNDH-3 é criticado por “especialistas”, mas usa uma única fonte – o insuspeito Ives Gandra Martins. E não diz que o Programa foi assinado por nada menos que 31 ministérios. A Band chama de autoritário um texto que propõe, recomenda, apóia, fomenta. E diz ser autoritária uma proposta concluída após dezenas de conferências, ou seja, chancelada por intensa participação popular. Além disso, a Band afirma erroneamente que o PNDH-3 é uma lei, um erro crasso, já que só quem poderá transformar o Programa em lei é o Congresso Nacional. As demais corporações de mídia, umas mais, outras menos, seguem pelo mesmo caminho. O Jornal Nacional, por exemplo, voltou a insistir na tese de que o PNDH-3 quer a revisão da Lei de Anistia, apesar de toda a imprensa nacional já ter sido avisada pela Secretaria Especial de Direitos Humanos de que isto não é verdade. E quem pegar para ler o programa vai constatar: não há nenhuma menção à revisão da Lei de Anistia.
Contra a campanha de políticas PÚBLICAS de Direitos Humanos estão os interesses PRIVADOS de latifundiários e oligopólios de mídia, além de preconceitos medievais contra os setores LGBTs, praticantes de religiões afro-descendentes e as mulheres. Há também os interesses particulares de quem seqüestrou, torturou e assassinou durante a ditadura de 1964.
Ao fim e ao cabo, o presidente da República é quem vai decidir sobre a redação final do texto, fazendo os ajustes que achar melhor. E o governo vai seguir adiante. Quanto as corporações de mídia, aconteça o que acontecer, é possível dizer que nenhum ajuste será suficiente para recuperar a credibilidade perdida – o que, no caso, ficou evidente com a predileção editorial pela peruca da Dilma em detrimento do PNDH-3 em si, no dia de seu lançamento.

8 comentários sobre “DIREITOS HUMANOS: INTERESSES PRIVADOS CONTRA POLÍTICAS PÚBLICAS”

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  2. Os Direitos Humanos precisam chegar às Escolas, como conteúdo transversal ao currículo escolar. A Formação de novas gerações cidadãs, capazes de respeitar e entender o próximo, dentro dos princípios de igualdade e dignidade, deverá transformar a civilização pelo conhecimento e educomunicação, no cumprimento dos direitos e deveres de cada um de nós.
    Se houver a formulação na proposta de Educação no Brasil, acredito que mais depressa chegaremos a uma visão holística do desenvolvimento humano. Tomara que isso esteja dentro do Programa de Direitos Humanos. A maioria das pessoas entende DH achando que se trata de presos e torturados.

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  4. Caro Marcelo,
    tenho conversado com alguns companheiros do IPEA, em Brasília, e é constante telefonemas de “jornalistas” que possuem um misto de ignorância, má fé e arrogância, para informar-se do que não entendem e desinformar acreditando mais em suas próprias mentiras tantas vezes repetidas como “verdades” inquestionáveis.
    Mentiras muitas vezes repetidas, acabam transformando-se em “verdades” para os próprios mentirosos. Mas, para quem sabe ler, um pingo é letra.
    Abraços

  5. É realmente importante uma analise criteriosa sobre o PNDH-3. É um instrumento de grande valia, no que tange ao controle das mídias mas ao mesmo tempo abre espaco para a subjetividade, possibilitando a censura.

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