Conhecer para transformar

Conhecer para transformar: compartilhando aprendizados, no dia-a dia

 

Para transformarmos as estruturas perversas de nossa sociedade, inclusive a partir de nós mesmos, mostra-se fundamental nosso esforço cotidiano (pessoal e coletivo) de irmos conhecendo, cada vez melhor, a realidade social, econômica, política e cultural. Isto só se torna possível, a medida que nos dispomos a um aprendizado contínuo do que nela se passa, seja em âmbito local, regional, nacional, internacional.

 

Trata-se de um compromisso pessoal e coletivo com o processo de libertação, sempre na busca de construção de uma nova sociedade economicamente, politicamente participativa, culturalmente diversa.

 

Tarefa desafiante a ser assumida cotidianamente por cada uma, cada um, e principalmente por nossas organizações de base.

 

Neste sentido, alegra-me poder associar-me a quantos e quantas assumir esta tarefa dia a dia. Eis a razão pela qual, nas linhas que seguem, cuido de “dar razão à nossa esperança”.

 

Restrinjo-me, com efeito, a compartilhar os aprendizados mais recentes que fiz utilizando a via dos  “podcast”. Um primeiro é o podcast  “os crimes da ditadura”, produzido de forma competente e bem documentada, ele vem sendo elaborado e apresentado por quatro pessoas, duas Maranhenses, Gisele Amaral e Ed Edson, e duas Cearenses, Alan Nascimento e Jubs Berbare, já tendo até aqui sido produzidos 51 episódios, relatando, de modo sistemático centenas de crimes perpetrados contra a sociedade brasileira, pelos responsáveis da Ditadura empresarial-militar, no período compreendido entre 1964 e 1985. Fiz questão de acompanhar atentamente todos os episódios até aqui relatados, razão por que o recomendo fortemente,  inclusive pelas preciosas sugestões bibliográficas apresentadas ao final de cada episódio.

 

Entendo de grande importância, especialmente para as novas gerações o esforço de acompanhar todos esses relatos, como um exercício contínuo da memória histórica dos oprimidos. Recomendo, portanto, o acesso ao link https://open.spotify.com/show/0nNMHxhaoDsMdrgpqDS2Jf?si=0a37ad39597143df . Ai de nós se não revisitarmos estas páginas tenebrosas de nossa história, mas ao mesmo tempo, de enorme aprendizado no compromisso das e dos que tiveram a coragem de resistir bravamente a este tempo sombrio.

 

Outro podcast que acompanhei, com igual interesse, foi o denominado “Projeto Querino”, protagonizado por uma equipe de 40 profissionais de atuação interdisciplinar, cujo objetivo principal é o de nos convidar a uma leitura crítica da história do Brasil, a partir do olhar dos “de baixo” – dos Africanos aqui escravizados, dos povos originários, dos camponeses, dos operários… O projeto Querino toma esse nome, em homenagem a Manuel Querino, um dos intérpretes de nossa formação histórica. Ao mesmo tempo, os protagonistas do Projeto Querino se inspiraram em outro projeto similar, “Projeto 1619”, protagonizado pela jornalista Nikole Hannah-Jones, aludindo aos inícios da escravidão nos EUA, com o tráfico dos primeiros africanos de Angola para a Virginia.

 

Ambos os projetos se empenham em fornecer uma leitura crítica alternativa à que é feita pelos principais intérpretes da formação histórica desses países. Recomendo igualmente que se confira este podcast, acessando o link https://projetoquerino.com.br/podcast/ .

 

Um outro podcast que também acompanhei com igual interesse, intitula-se “História Preta”, narrando, em diversos episódios, histórias de figuras de referência do Povo Negro brasileiro, principalmente recuperando a biografia de Carolina Maria de Jesus, cuja trajetória de lutas e sofrimentos não a impediu de tornar-se uma brilhante escritora, cujo livro principal “Quarto de despejo” alcançou fama inédita, em 1960, quando foi lançado, chegando a concorrer com conhecidos best-sellers, inclusive Jorge Amado.

 

A quarta sugestão de leitura que ouso compartilhar tem a ver com o rico debate proporcionado pela Editora Boitempo, quando do recente lançamento do livro “Colonialismo Digital”, de autoria de Deivison Faustino e Walter Lippold com a apresentação de  Sérgio Amadeu. A sessão de lançamento contou ainda com a participação de Karina Menezes e de Tarcízio Silva, com mediação de Marcela Magalhães. Livro instigante e desafiador que se debruçar criticamente nos meandros das tecnologias digitais,de modo a desmascarar sua presença neutralidade, demonstrando seu enorme potencial ideológico de dominação,ao tempo em que desafiam a Esquerda a entender e a lidar com essas ferramentas digitais, na perspectiva crítica e transformadora da barbárie capitalista.

 

Eis apenas algumas sugestões,dentre tantas do gênero, que compartilho,com intuito de contribuir, ainda que modestamente, com o nosso processo formativo e lutas pela construção de uma nova sociedade.

 

João Pessoa, 18 de Maio de 2023

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