Comissão da Igreja contra abuso sexual afirma que prioridade são as vítimas

Pope Francis greets children assisted by volunteers of Santa Marta institute during an audience in the Vatican
Marcela Belchior
Após primeira reunião da Pontifícia Comissão para a Tutela de Menores, realizada de 1º a 03 de maio, o grupo constituído no Vaticano para desenvolver procedimentos de controle do abuso sexual contra crianças, adolescentes e adultos vulneráveis expressou solidariedade às vítimas. Afirmou ainda que elas serão prioritárias em qualquer decisão que a Igreja Católica venha a tomar a respeito do tema.
A tarefa principal será preparar os estatutos da Comissão, que definirão as competências e funções do organismo. O objetivo do encontro inicial, na Cidade do Vaticano, foi apresentar ao Papa Francisco recomendações relativas às funções da Comissão e elaborar propostas para a nomeação de novos membros oriundos de diversas partes do mundo.
Nesse momento inicial, a pretensão é discutir como será feito o trabalho da Comissão, examinando propostas e vislumbrando cooperações futuras com membros da Cúria Romana, órgão administrativo da Santa Sé, constituído pelas autoridades que coordenam e organizam o funcionamento da Igreja Católica.
Com o tempo, o grupo deverá propor iniciativas para estimular a responsabilidade local no mundo e a troca recíproca de “práticas melhores” para a proteção da infância e adolescência, com iniciativas de treinamento, educação, formação e resposta aos abusos. “Achamos particularmente importante garantir o exercício da responsabilidade na Igreja, incluindo o desenvolvimento dos instrumentos para protocolos e procedimentos eficazes e transparentes”, afirmou a Comissão à imprensa.
Pope Francis greets children assisted by volunteers of Santa Marta institute during an audience in the Vatican
Para isso, serão sugeridos a Francisco caminhos para exprimir com precisão o caráter da comissão, sua estrutura, atividades e objetivos. “Está claro, por exemplo, que a Comissão não tratará casos individuais de abuso, mas poderá apresentar recomendações sobre diretrizes para assegurar a obrigação da responsabilidade e práticas melhores”, explicou.
Nos estatutos, então deverão constar direcionamentos para sensibilizar os sacerdotes sobre as consequências dos abusos sexuais e da falta de escuta, de relatórios e de apoio às vítimas e suas famílias. “Enquanto os católicos se empenham em tornar nossas paróquias, escolas e instituições lugares seguros para todos os menores, nós nos empenhamos junto com as pessoas de boa vontade em garantir que as crianças e os adultos vulneráveis sejam protegidos contra os abusos”, afirmou a Comissão.
Histórico
Nos últimos anos, várias denúncias surgiram em muitas partes do mundo referentes ao abuso sexual de crianças e adolescentes praticados por clérigos da Igreja Católica. Brasil, Portugal, Alemanha, Austrália, Espanha, Bélgica, França, Reino Unido, Irlanda, Canadá e Estados Unidos se destacam na repercussão dos casos.
Escândalos sucessivos levaram o então Papa Bento XVI, em 2010, a afirmar que Deus guiaria “no caminho da coragem que precisamos para não nos deixarmos intimidar pelas fofoquinhas da opinião dominante e nos dar coragem e paciência para apoiar os outros”. Católicos chegaram a se reunir diante da Abadia de Westminster, considerada a igreja mais importante de Londres (Inglaterra), pedindo a saída do pontífice.
Depois que Francisco assumiu o papado, em março de 2013, ele afirmou que a Igreja deveria ter a proteção dos jovens entre as suas mais altas prioridades, anunciando a Comissão em 05 de dezembro daquele ano e a instituindo em 22 de março de 2014.
* Com informações da Official Vatican Network.

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