Informações oficiais da TAM: 186 pessoas a bordo, mortas. Informações do IML (segundo a BandNews): 30 pessoas mortas em solo, no prédio atingido.
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A matéria no Portal G1 saiu hoje, dia 17, 00h37. Antes do acidente. Diz um trecho:
“A pista principal do Aeroporto de Congonhas reabriu ao meio-dia do dia 29 de junho, depois de 45 dias de reformas. A pista foi liberada sem a conclusão do grooving, que são ranhuras na pista que evitam derrapagens e ajudam na drenagem de água.
De acordo com a Infraero, as ranhuras começam a ser feitas na pista principal no dia 29 de julho, após a cura – ou assentamento -, do pavimento. O grooving será feito durante a madrugada para não prejudicar as operações do aeroporto. Na pista auxiliar, o grooving está em fase de conclusão.”
E isso já estava acontecendo:
“Por conta das chuvas ao longo do dia, de um acidente com uma aeronave e do acúmulo de vôos na noite desta segunda-feira (16), o Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul de São Paulo, estendeu o horário de funcionamento até a meia-noite. (…) No dia 17 de janeiro, um avião da Varig, que fazia a ponte-aérea Rio-São Paulo, derrapou na pista principal do aeroporto de Congonhas, paralisando o maior aeroporto do país por 50 minutos. A companhia aérea informou na época que uma lâmina d’água na pista do aeroporto obrigou o piloto a “fazer uma freada mais brusca”.
Em 6 de outubro de 2006, um Boeing 737-300 da Gol derrapou na pista do Aeroporto de Congonhas, quando chegava de Cuiabá (MT). A aeronave – que só parou ao atingir o final da pista, em trecho de grama – ficou atravessada, impedindo pousos e decolagens por cerca de uma hora.
Em março do ano passado, um avião da BRA com 115 passageiros não conseguiu parar completamente na pista, e foi parar no canteiro final de Congonhas, às margens da Avenida dos Bandeirantes. Nenhum dos três incidentes deixou feridos.”
Fato anunciado. Estão jogando com as pessoas.
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Da Folha de S. Paulo do dia 17, antes do acidente:
“O Sinpac (Sindicato Nacional dos Pilotos da Aviação Civil) afirmou ontem que a situação das duas pistas de Congonhas é precária, mesmo após as reformas realizadas.
“O discurso da Infraero é que a aderência melhorou, mas o que se fala dentro do meio aeronáutico é que esse recapeamento foi precário. O “grooving” [ranhuras na pista] não foi feito. Isso é pior ainda porque, com o acúmulo de água, há aquaplanagem”, disse Hugo Stringuini, presidente do Sinpac.”
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A pressão irracional do presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira, e da própria população por mais vôos sem capacidade, como mostra esta matéria do Globo Online de 14/05/2007:
Segundo Pereira, todas as empresas foram avisadas com antecedência do fechamento da pista principal para obras por 45 dias. Neste período, está em operação apenas a pista auxiliar, que tem 500 metros a menos.
– Não há desculpa por ser o primeiro dia. As companhias foram avisadas com muita antecedência. Todas as empresas aéreas sabiam. Se alguma diz que não sabe é mentira. Emitimos notas e fizemos audiências públicas sucessivamente. É claro que ajustes acontecem, mas não justificam atrasos – afirmou.
Fica claro aqui, na mesma matéria:
– A pista molhada é uma decisão do piloto. Ele tem autonomia para decidir onde vai pousar. Garanto que a pista auxiliar teve sua geometria corrigida. A pista foi recuperada para ter escoamento perfeito de água – disse ele.
O presidente da Infraero admitiu, porém, que a obra da pista auxiliar, única em operação a partir desta segunda-feira, ainda não está totalmente encerrada. Segundo ele, ainda faltam as ranhuras na pista (grooving), que tornam o piso menos escorregadio e aumentam a aderência dos pneus da aeronave. E informou que apenas na quinta-feira, dia 17, as ranhuras serão feitas. (…) Segundo o brigadeiro, a Varig sabia que aviões com mais de 70% de lotação não poderiam pousar ou decolar em Congonhas e mesmo assim a companhia insistiu em vender todos os bilhetes. A assessoria da Varig não se manifestou.
E mais casos:
(…) A pista principal precisa ser reformada porque tem problemas de drenagem. Toda vez que chove há o acúmulo de água e interdição das operações, por conta do risco de derrapagem. No último ano, quatro aviões derraparam em Congonhas. Num dos casos, um avião da BRA ultrapassou a pista e por pouco não atingiu a Avenida Washington Luiz. A Infraero nega que estes incidentes tenham sido causados por problemas na pista, que foi asfaltada em 1940 e até agora não tinha passado por nenhuma reforma.
E mais, e mais, e mais. Retrato de uma estrutura de crescimento irracional. (GB)