Alvorada em João Pessoa

Levemente tocados pela aurora

Os meus olhos se abrem: é madrugada!

Ouço o canto dos pássaros em revoada

Meditando, minha alma rememora

Os sinais que me chegam lá de fora

Sinto o vento nas folhas do arvoredo

A saudar o irmão Sol radiante, ledo

Salmodio o Senhor que ouve os gritos

Dos que guardam esperança, embora aflitos

Semeando o amanhã, vencendo o medo

 

Aplicando o ouvido, escuto bem

Não tão longe de casa, a passarada

A rolinha que arrulha, isolada

Beija-flor, pintassilgo e o vem-vem

Ouço ainda e imagino, mais além

Pelos galhos pulando, enfeita, adorna

Lá na matam o ferreiro, de bigorna

Malha um canto estridente e portentoso

E com a fauna partilha um alto gozo

Pra seu ninho voando à pressas torna

 

Manaíra (João Pessoa – PB), dezembro de 2002

 

(Extraído do Livro “FIOS DO COTIDIANO”. João Pessoa: Edições Buscas, 2002, p.11)

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