Por Alana Vellasco

O centro do Rio guarda diversas influências históricas entre o vai e vem diário de pessoas apressadas. Começa pela Cinelândia e suas construções de inspiração parisiense, como o Teatro Municipal e o Museu Nacional de Belas Artes. Chega até a Gamboa, que conserva algumas tradições negras, como o samba e a feijoada.
Para fazer este trajeto, os alunos do Curso de Comunicação Popular do NPC caminharam pela Rua da Vala, atual Uruguaiana, guiados pela historiadora Natana Magalhães, no dia 17 de maio. O local tinha este nome pois escoava a água que transbordava da Lagoa de Santo Antônio (agora Largo da Carioca) até o mar, no trecho entre o Morro da Conceição e o Morro de São Bento. A Rua Uruguaiana continua alagando até hoje quando há chuvas mais demoradas.
Esta, entretanto, não é a única tradição que se mantém pelos anos. Para abrir a Avenida Central, atual Rio Branco, o prefeito Pereira Passos removeu os cortiços da localidade, no início do século XX. A população mais empobrecida que residia nestes espaços foi levada para longe do centro. Ainda hoje, famílias também vêm sendo removidas de suas casas em nome do “progresso”.
Voltando ao passeio, o grupo visitou a Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos, ainda na Rua Uruguaiana. A construção do tempo imperial era destinada aos cultos frequentados pela população negra escravizada. Apesar de imponente por fora, seu interior simples destoa de toda a riqueza de detalhes encontrados em outras igrejas da região voltadas para o público branco. Continuando a caminhada pela Rua Camerino, o grupo chegou ao antigo Mercado de Escravos do Rio de Janeiro, na região conhecida como Cais do Valongo. Esta foi a porta de entrada no Brasil de cerca de meio milhão de africanos, entre 1811 e 1831.

Os alunos passaram ainda pelo Quilombo da Pedra do Sal, marco da área conhecida como Pequena África. No século XIX era reduto de negros escravizados. Atualmente é considerado de muita importância para a memória da cultura negra, sendo palco de intervenções artísticas. Por fim, o grupo encerrou o passeio comendo uma feijoada no Largo de São Francisco da Prainha, aos pés do Morro da Conceição.