A melhor economia é a que funciona

Qual é o melhor tipo de economia (ciência e atividade produtiva) que se conhece? A resposta a essa recorrente indagação é única: a melhor economia é a que funciona. No entanto, essa mesma pergunta permite desdobramentos: funciona para quem e de que forma? Uma economia só funciona a contento quando agrada a maioria. Agrada aos empresários se o tipo de economia praticada for capaz de apontar caminhos que levam a um retorno o mais rápido possível. Agrada ao governo quando a economia ajuda na reeleição ou quando o governante faz seu sucessor. Sim, não estranhe: a economia também é capaz de eleger ou derrotar eleitoralmente. E, por fim, agrada ao conjunto de pessoas quando a atividade econômica possibilita à maioria prosperar.
É certo, todavia, que os economistas, isolados em seus modelos matemáticos, não conseguem fazer com que as pessoas prosperem como num passe de mágica; mas, a economia que os economistas “desenham” pode ajudar cada um a encontrar um bom termo na vida. Logo, um tipo de economia que seja feita para servir a sociedade, obrigatoriamente, precisa então colocar as pessoas em primeiro lugar; e não há nada melhor para isso do que pôr em prática políticas econômicas que promovam a geração de emprego e facilitem a distribuição de renda. Parte daí a coerente e sensata afirmação do economista chileno Manfred Max-Neef que reitera em seus escritos que “a economia está para servir as pessoas e não as pessoas para servir a economia”.
A concretização dessas palavras nos parece ser o modelo ideal de economia a ser praticada caso queiramos desenhar um novo papel para uma ciência social que pode ajudar no progresso da humanidade a partir da melhora na vida de cada um. Para tanto, é imprescindível se pensar num novo jeito de fazer economia. Os processos econômicos – em suas diversas manifestações – não podem mais ser analisados e pensados apenas em termos estritamente econômicos. A frieza de raciocínio que marca, essencialmente, a economia envolvida em gráficos, taxas e indicadores matemáticos diversos, fazendo subir e descer o ambiente monetário-financeiro frente a qualquer espirro diferente dos mercados, precisa ser pensada sob outras escalas: principalmente sob a perspectiva de valorizar o ser humano e não o dinheiro; é a pessoa que tem (e deve ter) valor, e não a mercadoria. Não nos esqueçamos, para tanto, que o objetivo central da economia – para desespero de alguns tradicionais – não é o dinheiro, mas sim as pessoas; não é o mercado e nem a mercadoria, mas sim os desejos e incentivos de cada um de nós.
O interesse que deve nortear essa ciência tipicamente de cunho social é o indivíduo e não o acúmulo mercantil. É por isso que as questões sociais devem permear o universo da ciência econômica. Antes de existir o dinheiro, já existia a vida; já existiam necessidades sociais, já existiam seres humanos desejosos em prosperar. Nada mais justo então que a economia, enquanto disciplina social se coloque no nobre intento de atender as necessidades humanas. Quais necessidades? Essas são conhecidas: ser, ter, estar e fazer. São esses parâmetros que cabe à economia lidar estabelecendo seus trade-offs peculiares; afinal, deve-se fazer o melhor possível – para todos – visando atender essas necessidades de preferência no menor tempo possível.
A propósito, o tempo – entendido aqui como uma variável – é muito valioso para o bom desempenho da economia. A razão? Tudo parece apontar para as realizações em curto prazo. Talvez tenha sido por isso que o economista mais brilhante da segunda metade do século XX – John M. Keynes – tenha dito que “no longo prazo todos estaremos mortos”. A economia precisa responder de imediato aos interesses da sociedade. Com isso, Keynes talvez tenha desejado chamar a atenção para a necessidade de se fazer uma economia capaz de suprir as necessidades humanas. Em matéria de economia, esperar pelo amanhã nem sempre é a melhor decisão; principalmente quando essas decisões envolvem aquilo de mais valioso que se conhece: a vida humana. Definitivamente, uma economia a serviço da sociedade é, antes de tudo, uma economia que afirma positivamente a vida humana.  Disso não tenhamos dúvidas.
(*) Marcus Eduardo de Oliveira é economista e professor de economia da (FAC-FITO) e do (UNIFIEO), em São Paulo. Articulista da Agência Zwela de Notícias (Angola). prof.marcuseduardo@bol.com.br

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