O sínodo dos bispos da Igreja Católica sobre a família estará a começar em Roma em 5 de outubro. A título de contribuição para a discussão, partilho estas reflexões:
A defesa da família não pode ser um enunciado abstrato. Atualmente, a Igreja não pode reincidir em discursos vazios de defesa da família, que escondem uma ignorância total do seu papel na construção ou destruição da pessoa humana.
Valorizar a família é reconhecer a diversidade de formas com que ela se apresenta na sociedade atual. Diante dessa diversidade, é necessário não apenas uma adequação discursiva, mas, sobre tudo, uma amplitude de compreensão e uma ação efetiva.
Ação no sentido de proteger a mulher vítima da violência doméstica, que atinge graus alarmantes em muitos países do mundo. Ação que estimule os jovens ao estudo e ao trabalho produtivo, afastando-os das drogas, do narcotráfico e da violência.
Ação no sentido de apoiar as inciativas governamentais e de outra ordem, que empreguem os trabalhadores e as trabalhadoras em empregos dignos e bem remunerados, capazes de atender as necessidades do núcleo familiar.
A concentração de renda sobre a qual está assentado o atual modelo de sociedade, implica em subemprego, desemprego, exploração da mão de obra, fome, desnutrição, doenças, depressão, etc. Isto é incompatível com uma concepção cristã da família e da sociedade.
É necessário compreender que é na família que vamos nos tornando a pessoa que somos. A família é a primeira escola da pessoa humana. É nesse núcleo que são construídas as identidades, e é no seio dessa rede relacional, que fazemos as nossas primeiras escolhas, aprendemos a nos defender e a eleger, a dizer sim e a dizer não ao inaceitável.
Aí vamos moldando a nossa personalidade, e no enfrentamento das dificuldades e frustrações, vamos construindo o nosso caráter. Fortalecer a família significa apoiar as inciativas comunitárias, governamentais ou de outro tipo, que apontam para a inclusão social, diminuindo a desigualdade de renda que é uma afronta para a humanidade, a habitação inadequada ou ausente, a saúde precária ou inexistente, a educação de má qualidade ou ausente.

Doutor em sociologia (Universidade de São Paulo). Mestre em sociologia (IUPERJ). Licenciado em sociologia (Universidad Nacional de Cuyo, Mendoza, Argentina). Professor aposentado da UFPB. Terapeuta Comunitário Formador. Escritor. Membro do MISC-PB Movimento Integrado de Saúde Comunitária da Paraíba. Vários dos meus livros estão disponíveis on line gratuitamente: https://consciencia.net/mis-libros-on-line-meus-livros/