Aquela manhã, na sala de espera, vira várias pilhas de revistas. As poltronas. Os quadros. As plantas ornamentais. Pensara: não lembrarei mais disto. Mas lembrava. Folheara uma revista e lera algo sobre a leitura nos tempos digitais. Folheara várias revistas. Ivete Sangalo. A escrita. Leitura. Lembrara do dia de ontem. Eu posso ser. Eu posso ser eu mesmo. Eu posso estar aqui. Estar, ser, fazer. Várias possibilidades, inúmeras possibilidades para o ser humano. O Reino de Deus é isto.
A culpa é uma forma de dominação, de exploração da pessoa humana. E se isto fosse tudo, pensou. Por que não pensar que isto é tudo? A minha esposa, a minha família, as redes de que participo. Estes trabalhos de formiga em direção a um mundo melhor que começa em cada um, em cada uma de nós. Eu posso estar aqui, pensava. Eu posso ser quem eu sou. Aliás, eu somente posso ser quem eu sou. E eu apenas posso estar aqui. Vira a romãzinha no pé, perto da porta de entrada. O carro lá fora. A rua. O som dos carros passando, distante. Depois, a farmácia. A rosa branca. Estar, ser. Fazer. Possibilidades do ser humano.

Doutor em sociologia (Universidade de São Paulo). Mestre em sociologia (IUPERJ-Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro). Licenciado em sociologia (Universidad Nacional de Cuyo, Mendoza, Argentina). Professor aposentado da UFPB. Terapeuta Comunitário Formador. Escritor. Membro do MISC-PB Movimento Integrado de Saúde Comunitária da Paraíba. Autor de “Max Weber: ciência e valores” (São Paulo: Cortez Editora). Vários dos meus livros estão disponíveis on line gratuitamente: https://consciencia.net/mis-libros-on-line-meus-livros/