É necessário condenar o massacre da população civil que Israel perpetra na faixa de Gaza. Sem dúvida. Mas também é necessário irmos às raízes de fenômenos estruturais que fragilizam os vínculos entre as pessoas no dia a dia. Hoje em dia, é muito frequente a indiferença entre as pessoas. Utilizar o outro e descartá-lo quando não nos serve mais. Isto é muito evidente no que se refere aos idosos, à população mais velha.
Não basta não fazer o mal de maneira evidente e ostensiva. É necessário agir energicamente na direção do bem. Nos dias de hoje, existe um certo desprezo pela vida, que se evidencia de muitas formas. Não nos importamos demasiado com os demais. Não damos muita atenção ao que o outro é. E isto é resultado de um desprezo que cultivamos com relação a nós mesmos. A força da rotina pode ter ido deslizando em nós mesmos, uma certa indiferença com relação ao ser que somos, ao ser que cada um, cada uma de nós é.
E isto é a origem de uma forma de violência sutil mas muito evidente, que vai minando o nosso agir no dia a dia. Se eu não valho, nada vale, ninguém vale, tanto faz uma coisa como outra, fazer ou não fazer. Não estou falando de regras morais, e sim de atitudes. Não se trata de impor novas normas ao ser humano, mas,sim, de despertar em cada um, em cada uma de nós, o que pode estar um pouco adormecido: o deslumbramento pela vida. O enamoramento profundo pela existência, não apenas humana, mas de todo que nos rodeia: o ar, as plantas, a terra, os animais.

Doutor em sociologia (Universidade de São Paulo). Mestre em sociologia (IUPERJ-Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro). Licenciado em sociologia (Universidad Nacional de Cuyo, Mendoza, Argentina). Professor aposentado da UFPB. Terapeuta Comunitário Formador. Escritor. Membro do MISC-PB Movimento Integrado de Saúde Comunitária da Paraíba. Autor de “Max Weber: ciência e valores” (São Paulo: Cortez Editora). Vários dos meus livros estão disponíveis on line gratuitamente: https://consciencia.net/mis-libros-on-line-meus-livros/