Nesse época em que a pressa ultrapassou a serenidade
que o carro é mais importante que o abraço
que o olhar é filtrado por especialistas
que a inocência se vendeu por quase nada
Nesse época em que amar é investir no futuro
procurando dividendos sem olhar pro lado
que os amigos são contatos na tela fria de um dispositivo
e que sonhar é ineficaz e improdutivo
Eu queria mesmo era saber
onde foi que nos perdemos
e, principalmente,
onde estávamos mesmo?
Jornalista, 40, com mestrado (2011) e doutorado (2015) em Comunicação e Cultura pela UFRJ. É autor de três livros: o primeiro sobre cidadania, direitos humanos e internet, e os dois demais sobre a história da imigração na imprensa brasileira (todos disponíveis em https://amzn.to/3ce8Y6h). Acesse o currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/0384762289295308.
será que nos perdemos? preciso acreditar que só estamos construindo um novo lugar pros encontros e que ele será maravilhoso
Gustavo, é muito animador um jovem como você, com a sua sensibilidade, dar este recado para este mundo de hoje. Que corre apressado e esquece o abraço, esquece o olhar. Obrigado
Há textos que não perdem atualidade. Ao contrário, a realidade os alcança. Permito-me crer que este poema pertence a esta categoria de escritos. Como qualquer texto, pode ser lido e será lido deste distintos pontos de vista. Julgo que o seu valor reside na sua capacidade para dizer muito com poucas palavras. Algo que será sempre valioso recordar.
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Acho, Gustavo, que nos perdemos na própria encruzilhada que criamos. A encruzilhada do capitalismo, em seu patamar mais cruel: o neoliberalismo.