Quem quiser pode ignorar. Mas o que gera toda essa riqueza da música brasileira é a diversidade. E o swing da Bahia é inigualável.
Hoje passou na TV o belíssimo filme “Ó Paí, Ó” (2007) – gíria baiana que significa “olhe para aí, olhe”.
Sem mais falatório, vamos aos vídeos. Abaixo, a primeira música é do Olodum. Quem interpreta é Ivete Sangalo (outra baiana), que a interpretava desde que era da Banda Eva. O segundo vídeo abaixo é a belíssima versão de Lázaro Ramos, que nesse filme faz o personagem Roque – um cantor e compositor que espera ser tão famoso quanto um amigo do Olodum.
O filme é espontâneo, leve e muito engraçado (é uma comédia, ora bolas). Mas também muito sofisticado, além de discutir o racismo numa cena belíssima.
A própria Ivete, eu digo isso de vez em quando, tem a “mania” de cantar grandes clássicos, “supreendendo” quem pensa que não é grande intérprete. Nesta gravação aqui, em pleno trio elétrico, ela interpreta Lupicínio Rodrigues (“Felicidade“). Se pouca gente identifica os sambas-canção de Lupicínio, aí é outro esquema.
O fato é que a trilha sonora de “Ó Pai, Ó” é sensacional. Abaixo, mais uma cena, em que Roque e Rosa (Emanuelle Araújo) dançam juntos e ele canta para ela.
A cena final é uma síntese muito boa, que mostra toda a complexidade que o filme tenta mostrar. A violência, a felicidade, os sonhos, os pesadelos, a religião e a transgressão, tudo num só espaço. Muito bom mesmo.
Jornalista, 41, com mestrado (2011) e doutorado (2015) em Comunicação e Cultura pela UFRJ. É autor de três livros: o primeiro sobre cidadania, direitos humanos e internet, e os dois demais sobre a história da imigração na imprensa brasileira (todos disponíveis em https://amzn.to/3ce8Y6h). Acesse o currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0384762289295308.