O desprezo à vida

fabio nogueiraUm turista argentino é espancado saindo de uma boate no Rio de Janeiro por quatro rapazes por motivo torpe. Horas depois ele morreu em virtude das lesões.
Em menos de uma semana, três policiais foram mortos na mesma cidade. A cada ano o número de policiais mortos no Estado do Rio de Janeiro vem aumentando. A polícia do Rio de Janeiro é a que mais mata e a que mais morre no Brasil.
Num bairro do subúrbio do Rio de Janeiro, uma jovem tinha milhares de sonhos como o de se tornar jogadora de basquete e dar uma vida mais digna à família. Seus sonhos foram interrompidos de modo brusco dentro da quadra da escola onde estudava. Com três tiros, morreu. O universo parecia conspirar a seu favor, conseguiu uma bolsa integral de estudo num colégio com todo o suporte para estudar e treinar com direito a ajuda de custo. Quem atirou em Maria Eduarda? Não importa. Nada consolará a família dela.
Os casos de linchamentos estão virando rotina. Qualquer delito cometido é mais um motivo para fazer justiça com as próprias mãos. Há casos de inocentes morrerem linchados, porque saiu nas redes sociais a foto de uma mulher parecida com outra que praticava crueldades contra crianças.
Quem apoia essas e outras ações similares é tão culpado quanto os praticantes, e pode tornar-se amanhã vítima ou algoz.
Volta e meia ouço aquele ufanismo afirmando que somos um país abençoado por Deus. Não temos terremoto, nem furacões. Colocamos a ideia da miscigenação como referência de nação feliz vivendo em harmonia com todos. Somos conhecidos pela alegria. Se o país é abençoado, não sei. Se foi abençoado alguma vez, Deus deve ter seus arrependimentos, pois os números de mortes por armas de fogos nos deixa entre os países mais violentos do mundo. Os números são iguais aos de países que enfrentam guerra civil.
Em geral estamos banalizando a violência de tal forma que encaramos esses fatos como normais. A indignação é momentânea, depois passa a ser mais um número para a segurança calcular quantas pessoas morrem a cada cem mil habitantes.
Onde está o erro? A instituição familiar estar em decadência? A religião que é tida como poder de transformação tem falhado na sua missão? Ou temos um Estado omisso? Nesta última opção, tenho certeza que o Estado não é omisso.
As indagações são muitas e continuarão até passarmos a reagir. Não sei qual a solução para sairmos dessa estatística sangrenta.
Em seus pensamentos, Albert Einstein disse que tinha dúvidas sobre uma terceira guerra mundial. No entanto, deu a dica que se houvesse a quarta o homem aprenderia a lutar com lança e espada.

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