Há dias que a sua saúde não anda nada boa. Tonturas, fraqueza e indisposição, a levaram para uma cama que, já preocupa seus pais por sua atitude. Mesmo adoecida, ela insiste em não querer comer. “Pode engordar”, disse ela, A mãe a observava na cama, gravemente emagrecida, olhos fundos e sem forças para mover-se.
Ela sempre foi uma menina vaidosa e, acompanhava as tendências da moda do momento que passava na TV. O primeiro descontentamento foi com o nariz. “Parecia uma batata”, dizia. Foi-lhe concedido a sua solicitação insistente, a cirurgia para correção porém, a seguir, foram os perfeccionismos das orelhas, das mamas, do abdome, ocorrendo o remodelamento corporal compassadamente.
As idas frequentes ao consultório médico, estimularam a hipótese de Bulimia e Anorexia. As estratégias apresentadas para não alimentar-se, confirmava o diagnóstico. Estava sendo convencida pela sua enferma saúde mental. Aos poucos foi definhando-se, perdendo amizades próximas e necessitando de auxílios médicos cada vez mais rotineiros.
Em uma consulta psiquiátrica, o Transtorno Dismórfico Corporal foi-lhe o diagnóstico dado. O mesmo que a psicóloga sempre suspeitou. Ela, sem sombra de dúvidas estava gravemente adoecida.
Para ela, para os amigos dela, para a mídia ditadora da moda, para os pais que não veem ou fingem não ver, para a equipe de saúde que não se sensibilizou, para os colegas de escola e do trabalho que insistem em manifestar e saborear os prazeres do Bulling enfim, para todos aqueles que buscam saúde do estereótipo em troca da doença do corpo precisamos falar hoje, amanhã e sempre sobre saúde mental.
Ou simplesmente vislumbraremos mais adoecimentos deles nos seus corpos que habitam.
Muito valiosa e rica esta partilha de experiências em saúde mental, Júlio!