Por Camila de Araújo e Eric Fenelon

A Comunidade Vila Autódromo, ameaçada de despejo, realizou no dia 20 de julho um protesto contra as remoções forçadas feitas pela Prefeitura do Rio. Os manifestantes reivindicavam o direito à moradia e melhores condições na infraestrutura do bairro. A passeata seguiu da Associação de Moradores, onde foi a concentração, até a Avenida Embaixador Abelardo Bueno. O protesto reuniu moradores das comunidades do Horto, Providência, Ladeira dos Tabajaras Estradinha e Indiana, todas ameaçadas de remoção. Também estiveram presentes militantes sociais, ONGs e apoiadores da luta.
Os argumentos utilizados para a remoção da comunidade são variados e inconsistentes. A pressão aumentou ainda mais desde que o Rio de Janeiro foi escolhido para sediar a Copa e as Olimpíadas nos próximos anos. Com a justificativa de melhorar a imagem internacional, processos de revitalização e embelezamento tomam posse do espaço público da cidade e expulsam as comunidades locais.
O ato foi organizado pela Associação de Moradores da Vila Autódromo, que ajudou a articular os moradores e comunidades que também sofrem com as pressões. O presidente da Associação, Altair Guimarães, destacou que a remoção servirá à especulação imobiliária.
“Somos vítimas há algum tempo de ações que nos acusam de agressão estética e agressão ao meio ambiente, o que é uma covardia. Sabemos que essa Prefeitura quer nos remover para construir prédios e apartamentos para a classe média. A comunidade não está no trajeto da Transolímpica nem vai incomodar os eventos internacionais. Eu costumo chamar o atual prefeito de Robin Hood ao contrário, porque tira dos pobres para dar para os ricos”, afirma em entrevista.

Entre os moradores que participaram da manifestação estava dona Maria do Carmo, de 62 anos, moradora da Vila Autódromo há 40 anos. Ela diz que não vai entregar a casa dela para ninguém, “nem pro Eduardo Paes. (…) A casa é minha e eu tenho direito a ela”.
Como alternativa ao projeto apresentado pela prefeitura, os moradores da Vila Autódromo elaboraram o Plano Popular de Urbanização, com o apoio de pesquisadores, arquitetos e urbanistas de duas universidades federais (UFF e UFRJ). Entre eles, Renato Cosentino, pesquisador do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (IPPUR/UFRJ) e integrante do Comitê Popular da Copa. “Esse plano mostra que é possível, com o respeito às leis ambientais, fazer a urbanização da Vila Autódromo e realizar as Olimpíadas aqui, sem a remoção. Inclusive, a urbanização é muito mais barata do que a remoção. Estamos falando de praticamente um quinto do valor. Está claríssimo que é uma remoção ligada à especulação imobiliária”, explica Cosentino. Para ele e outros militantes que vêm acompanhando as mudanças em curso no Rio, o poder público tem se posicionado a serviço dos ricos, mesmo que isso coloque em jogo a vida de milhares de pessoas.
A Associação de Moradores entregou em agosto do ano passado o Plano Popular ao prefeito Eduardo Paes. Ele garantiu retorno em 45 dias, mas até hoje não houve nenhuma resposta.
Esse governo de Eduardo Paes é uma vergonha. Não tem necessidade nenhuma de tirar aquelas pessoas de suas casas. Isso é porque ele é um desumano sem caráter, sacaneando a população mais pobre, favorecendo a classe rica. Não merece o poder que lhe foi dado.
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