“Ângelus” – dia 29.12.2019
Caros irmãos e irmãs, bom dia!
Que belo dia faz hoje! Hoje estamos a celebrar a festa da Sagrada família de Nazaré. O termo “sagrada” insere esta família no âmbito da santidade, que é dom de Deus. Assim foi para a família de Nazaré: esta ficou totalmente disponível à vontade de Deus. Como não ficarmos admirados, por exemplo, com a docilidade de Maria à ação do Espírito Santo, que lhe pede tornar-se a mãe do Messias? Maria, como toda jovem do seu tempo, estava buscando concretizar seu projeto de vida, isto é, casar-se com José. Mas, quando se dá conta de que Deus a chama para uma missão particular, não hesita em proclamar-se sua serva. Quanto a Maria, Jesus vai exaltar a grandeza, não tanto pelo seu papel de mãe, mas pela sua obediência a Deus: “Felizes, antes, aqueles que escutam a Palavra de Deus e a põem em prática!”
E, quando não compreende os acontecimentos que a envolvem, Maria medita em silêncio, reflete e adora a iniciativa divina. Sua presença aos pés da cruz confirma esta total disponibilidade. Quanto a José, o Evangelho não diz uma só palavra: ele não fala, mas age, obedecendo. O homem do silêncio, o homem da obediência. Sob a orientação de Deus, representado pelo Anjo, José afasta sua família das ameaças de Herodes. Deste modo, a Sagrada Família faz-se solidária a todas as famílias do mundo forçadas ao exílio. Solidariza-se com todos aqueles que se sentem constrangidos a abandonar sua terra por causa da repressão, da violência, da guerra.
Por fim, Jesus. Ele é a vontade do Pai: nEle, diz São Paulo, não se acham “sim” e “não”, mas apenas “sim”. E isto se manifestou em muitos momentos da Sua vida terrena. No episódio transcorrido no templo, quando aos pais que, aflitos, O procuravam, respondeu: “Vocês não sabiam que eu devo me ocupar das coisas do meu Pai?”; a repetição continuamente feita por ele – “Meu alimento é fazer a vontade dAquele que me enviou”; Sua oração no horto das oliveiras – “Meu Pai, se este cálice não pode ocorrer sem que dele Eu beba, que se cumpra a Tua vontade”. Todos estes episódios são a perfeita realização das mesmas palavras de Cristo, que diz: “Tu não quiseste sacrifício nem oferta. Então, Eu disse: ‘eis que venho, oh Deus, para fazer a Tua vontade!”. Maria, José e Jesus – a Família de Nazaré representa uma resposta visceral à vontade do Pai. Os três elementos que compõem esta família singular ajudam-se mutuamente a descobrirem e a realizarem o Projeto de Deus.
Confiemos a Maria, Rainha da família, todas as famílias do mundo, em especial, aquelas que sofrem as provações ou os infortúnios, e invoquemos sobre todas estas sua materna proteção.
Trad: AJFC
Digitação: EAFC