“Angelus”, dia 07.10.2018
Caros irmãos e irmãs, bom dia!
O Evangelho deste Domingo nos oferece a Palavra de Jesus sobre o matrimônio. O relato começa com a provocação dos fariseus, que perguntam a Jesus se é lícito a um marido despedir sua mulher, assim como previa a Lei de Moisés. Jesus, antes de tudo, com a sabedoria e a autoridade que Lhe são dadas pelo Pai, redimensiona a prescrição mosaica, dizendo: Por causa da dureza do coração de vocês isto é , o antigo legislador- prescreveu para vocês esta norma. Trata-se de uma concepção que serve corrigir as falhas cometidas pelo nosso egoísmo, mas não corresponde à intenção original do Criador. E aqui, Jesus retoma o Livro do Gênesis: “No início, Deus os fez macho e fêmea: por isto, o homem deixará seu pai e sua mãe, e se unirá à sua mulher, e os dois se tornarão uma só carne.” E conclui: “Portanto, o que Deus uniu o homem não separe.” No projeto original do criador, não há um homem que esposa uma mulher e dela se separa quando as coisas não caminharem bem. Não. O que há é que o homem e a mulher são chamados a se reconhecerem, a completar-se, a ajudar na vivência do matrimônio.
Este ensinamento de Jesus é muito claro e defende a dignidade do matrimônio, como união de amor que implica a fidelidade. O que permite aos esposos permanecerem unidos no matrimônio é um amor de doação recíproca sustentado pela graça de Cristo. Se, ao contrário, prevalecer entre os cônjuges o interesse individual, a própria satisfação, então sua união não poderá resistir.
E é a própria página do evangelho de hoje que recorda, com grande realismo, que o homem e a mulher, chamados a viver a experiência da relação e do amor, possam dolorosamente cometer atos que a põe em crise. Jesus não admite nada do que pode levar ao naufrágio da relação. E o faz para confirmar o desígnio de Deus, no qual se acham a força e a beleza da relação humana. A Igreja, por sua vez, não se cansa de confirmar a beleza da família como foi assinalada pela Escritura e pela Tradição. Ao mesmo tempo, esforça-se por fazer sentir concretamente a sua proximidade materna de quantos vivem a experiência de relações rompidas ou levadas adiante de maneira sofrida e cansativa.
O modo de o próprio Deus agir com Seu povo infiel – isto é, conosco – nos ensina que o amor ferido pode ser curado por Deus através da misericórdia e do perdão. Por isto, da Igreja, nestas situações, não se pede uma súbita condenação. Ao contrário, frente a tantos fracassos conjugais, ela se sente chamada a testemunhar sua presença de amor, de caridade e de misericórdia, para reconduzir a Deus os corações feridos e perdidos.
Invoquemos a Virgem Maria, para que ajude os cônjuges a viverem e renovarem sempre sua união a partir do dom original de Deus.
Trad.: AJFC
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