O que é frustração? O que é raiva, ou amor? Quando eu digo “amor”, o som sai da minha boca e chega ao ouvido do outro viajando pelo conduto bizantino de seu cérebro por suas lembranças de amor, ou falta de amor. Ele registra e diz: “Sim, entendo” – mas como sei que entendeu? Porque as palavras são inertes. Meros símbolos. Mortas. E tanto de nossa experiência é intangível. Muito do que percebemos não pode ser expresso. No entanto, ao nos comunicarmos e sentirmos que estamos ligados e que fomos compreendidos, acho que temos uma sensação de comunhão quase espiritual. A sensação pode ser efêmera, mas é por ela que vivemos.
Do filme-animação Waking Life (2001).
Jornalista, 40, com mestrado (2011) e doutorado (2015) em Comunicação e Cultura pela UFRJ. É autor de três livros: o primeiro sobre cidadania, direitos humanos e internet, e os dois demais sobre a história da imigração na imprensa brasileira (todos disponíveis em https://amzn.to/3ce8Y6h). Acesse o currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/0384762289295308.