Mão do Estado, braços da comunicação

Foto: Reprodução da internet

Estou absolutamente impressionado com a cobertura das redes de TV e rádio, principalmente a Rede Globo e seu jornal impresso principal, O Globo, sobre a violenta repressão contra professores e manifestantes nesta semana (domingo 29/9 a terça-feira 1/10) no Rio de Janeiro.

Impressiona o descompasso com as ruas. Uso inacreditável da palavra “confronto”, sem que haja uma única foto que comprove isso; a tal “infiltração” dos Black Blocs, quando a raiva era de todos contra um sistema opressor – eu vi desde meninos de 5 anos até executivos muito bem vestidos quebrando bancos, ninguém me contou, eu vi – e minimização da violência policial contra manifestantes pacíficos, uma violação flagrante dos direitos humanos.

Um dos vídeos que circula pela rede comprova, inclusive, o que temos vimos ao vivo: um “vândalo” que quebrou um estabelecimento era um policial infiltrado e, diante disso, os policiais se negaram a prendê-lo, mesmo depois de insistentes pedidos da população.

Isso sem falar que a discussão sobre educação já caiu por terra há tempos. É como se aprovar qualquer coisa em qualquer lugar fosse sempre um avanço, desde que venha das autoridades.

Eduardo Paes e Sergio Cabral se agarram à Globo como um marinheiro se agarra ao mastro de um navio durante uma tempestade de grandes proporções.

Os telejornais e agregados estão de luto… pelos postes e vidraças. Eles tomaram o lugar das centenas de pessoas feridas e atingidas, como eu, por spray de pimenta fora de validade, balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo.

Para completar, o jornalão dos Marinho sai com uma matéria patética atacando… o Sindicato. Hoje. Oportunamente. (É óbvio que há militantes em sindicato, é um SINDICATO, não esperávamos que tivesse alguém do PMDB, da novela das oito ou do Movimento Basta, certo?)

Para uma ditadura se formar, já nos ensinava o teórico norte-americano Walter Lippmann e o líder político Adolf Hitler, tem de haver um braço da comunicação. Estou, na verdade, impressionado com a clareza com que a emissora se coloca neste momento a serviço do poder, sem nenhum constrangimento. E jornais menores — porém de grande circulação — tentam conseguir uns pingados dos governos, fazendo jornalismo chapa branca do pior tipo.

Tenho vergonha da minha profissão, hoje, a de comunicador. Atualmente, assim como entre policiais militares, existem boas exceções, porém meras exceções — a regra é a desinformação, a manipulação e a mentira deslavada.

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