Por Érico Rocha:
“A manifestação na cidade de _______ começou pacífica e ordeira, com cerca de ______ mil pessoas [lembrar de dividir por 10 o real montante; de preferência, cuidado com números emblemáticos – perto de milhão, nem pensar!] com bandeiras do Brasil e caras pintadas. Entoaram o hino nacional por diversas vezes.
Muitos cartazes pediam ______ [escolher, duas dentre as bandeiras vagas adiante – fim da corrupção; fim da impunidade; melhorias na saúde e na educação; lembrar de não apresentar nenhum cartaz com pautas concretas, tampouco críticas aos meios de comunicação].
Os ____ [“lado bom da força” – manifestantes, ativistas, jovens] seguiam pacificamente, até que uma minoria de _____ [“lado negro da força” – vândalos, baderneiros, descontrolados] começou a ____ [utilizar qualquer uma das expressões abaixo – depredar o patrimônio público; saquear lojas; queimar carros; fazer barricadas; jogar pedras nos policiais].
A polícia interveio de modo a dispersar a multidão, com balas de borracha e gás lacrimogêneo, e após algum tempo de confronto, a minoria foi contida e a manifestação terminou.”
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(*) Dicas gerais:
– Ênfase no maniqueísmo – em momento algum e sob hipótese nenhuma, dar a impressão de que a ação truculenta da polícia atingiu o “lado bom” da força.
– Boa dica para validar mentalmente a ação truculenta – antes das imagens com a chegada da PM, escolher cenas de terror intenso, fomentando o clima de insegurança; se possível, filmar o “lado bom” da força afugentando e reprimindo o “lado negro”.
– Se o jornal se pretender politizado e for transmitido depois das dez da noite, ênfase nos pedidos de impeachment da Dilma e no “apartidarismo” – esse será o gancho para a análise do “especialista” sobre a suposta “falta de governabilidade” atual. Pedir para o mesmo citar o recrudescimento da inflação e a desvalorização cambial.
– Se o jornal for transmitido à tarde, especialmente após o almoço, ênfase no clima de insegurança e na depredação do patrimônio público. Inserir entrevista com relatos de mães desesperadas.
– IMPORTANTE: jamais mostrar cenas onde a polícia per se instaurou e fomentou a violência. Imagens de ruas ou bares onde tudo transcorria normalmente até a chegada das tropas ou relatos de pessoas que foram espancadas pelo simples fato de estar na rua estão terminantemente proibidas.
Qualquer semelhança com a cobertura dos protestos é mera coincidência.”
(Por Érico Rocha, via Julia Dias)
Jornalista, 41, com mestrado (2011) e doutorado (2015) em Comunicação e Cultura pela UFRJ. É autor de três livros: o primeiro sobre cidadania, direitos humanos e internet, e os dois demais sobre a história da imigração na imprensa brasileira (todos disponíveis em https://amzn.to/3ce8Y6h). Acesse o currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0384762289295308.