Ideologia ou experiência de vida?

caminoEstá de moda, e não é de hoje, a postura de assumir rótulos ideológicos, com a pretensão de obter, desse modo, uma espécie de álibi para qualquer coisa. Como se uma ideologia pudesse justificar atitudes.

O fato de alguém se autodenominar cristão, por exemplo, parece que seria uma espécie de carta branca que eximiria o sujeito de tentar provar, para si mesmo e para os outros, que vive de acordo com os ensinamentos e com a vida de Jesus Cristo.

O mesmo vale para ideologias de esquerda ou de direita, para qualquer ideologia. O que conta é como a pessoa vive, como trata os outros, quais os valores que de fato norteiam o seu agir. Não é novidade falarmos de totalitarismos de esquerda.

Nem seria tampouco novidade, alguém apontar para as flagrantes incoerências de países e governos supostamente cristãos que massacram cidadãos dentro e fora das suas fronteiras. Ideologias, para que? Pergunto-me isto desde há muitos anos na minha vida.

Já na minha juventude, parecia haver disputas para ver quem era mais ideologicamente compromissado. Isto parecia querer dizer, que você tinha que assumir de que lado estava. E de fato, de que lado está cada um, cada uma?

O tempo passa, o mundo roda, e os fundamentalismos, não importa se da cor do dólar ou da cor vermelha, parecem ter perdido a capacidade de seduzir as pessoas mais lúcidas. Parece como que a vida voltasse para o seu âmago, para um lugar onde você está a sós com seu Deus, não importa qual seja a ideia sobre Ele ou Ela.

Em algum momento, você se recolhe para o seu santuário interior, não importa se esteja na sala da sua casa o na rua, no supermercado ou andando pela praia, observando a beleza do mundo em volta. Nesses instantes, algo chama a sua atenção, e você tenta nomeá-lo.

Pode ser que o chame de Deus, de vida, de beleza, não importa o nome. Importa que você pode ter ido dissolvendo os seus limites e aos poucos se integrando com tudo que existe. Isto é uma experiência de Unidade, e Unidade é Deus.

Diante de uma experiência de comunhão com tudo, não cabem sectarismos nem privatizações inúteis. A vida é muito breve, e como seres humanos, não temos tempo para pequenezes.

Basta olharmos em volta, atentarmos para o fato de estarmos vivos, de sermos capazes de amar, de nos indignarmos frente à injustiça e a impunidade, para que estejamos dando passos em direção a uma maior humanização. Não há receitas, apenas desafios.

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