Imprescindível dizer algumas palavras acerca da atual situação política brasileira. O atual regime, nascido do pacto sinistro entre as oligarquias, a mídia venal, e a criminalidade política, somente poderá ser removido mediante uma ação ampla, cidadã, massiva e também pessoal.
Nenhuma pessoa minimamente decente e consciente pode ficar indiferente diante da brutal agressão aos direitos humanos, sociais e laborais perpetrada pelo atual governo. Todos podemos fazer algo para restaurar a democracia. Não podemos ficar de braços cruzados enquanto as autoridades ilegais e ilegítimas continuam a atropelar os direitos das pessoas.
Não se trata de uma disputa ideológica, esquerdas contra direitas. É muito mais sério do que isso. Essa suposta divisão em dois lados aparentemente opostos, esconde as semelhanças e identidades que servem para dar sustentação ao capitalismo. Não podemos deixar o futuro do país, da população, em mãos da criminalidade política.
Todas as pessoas de bem devemos nos dar as mãos para defender a vida, seriamente ameaçada pela ação da delinquência atualmente no poder. Crimes contra a humanidade são imprescritíveis. Nada pode jamais justificar que uma pessoa seja presa, torturada, perseguida, desaparecida, assassinada. Isto é uma afronta à humanidade.
O fato de que no Brasil os crimes cometidos pela ditadura tenham ficado impunes, estimulou a crença de que esse tipo de ataques eram endereçados apenas a um certo ripo de pessoas, portadoras de uma certa ideologia. Essa injustificável alegação foi usada pela ditadura de Videla na Argentina (1976-1983).
Estudo da OPS-ONU, no entanto (Salud Mental en el mundo, 1997), mostrou que a quase totalidade das pessoas atingidas pela repressão ilegal na Argentina, não tinham qualquer vinculação com organizações que pudessem ser qualificadas de subversivas.
Eram pessoas comuns. O objetivo da repressão e dos crimes contra a humanidade, são as pessoas, é a humanidade como tal. É importante enfatizar isto, uma vez que existe uma crença totalmente equivocada, no sentido de que quem é vítima da ação criminosa do Estado, alguma coisa fez para merecer. Devemos trabalhar para valorizar e respeitar a vida humana como tal, sob qualquer circunstância.

Doutor em sociologia (USP). Terapeuta Comunitário. Escritor. Membro do MISC-PB Movimento Integrado de Saúde Comunitária da Paraíba. Autor de “Max Weber: ciência e valores” (São Paulo: Cortez Editora, 2001. Publicado em espanhol pela Editora Homo Sapiens. Buenos Aires, 2005), Mosaico (João Pessoa: Editora da UFPB, 2003), Resurrección, (2009). Vários dos meus livros estão disponíveis on line gratuitamente: https://consciencia.net/mis-libros-on-line-meus-livros/
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