Educação, arte, ciência, cultura. Filosofia, sociologia. Identidade, memória, consciência. Estes pilares ou eixos são indispensáveis para a existência de uma sociedade humana. Sem eles somos apenas gado, massa de manobra, coisa descartável. Nos dias de hoje há uma tendência a deixar de lado o essencial e fundamental, dissolvendo tudo numa geleia geral.
Quem gana com isso? Os inimigos e as inimigas da humanidade. Instala-se uma indiferença, em que tudo parece ser a mesma coisa, mas não é. Não é o mesmo um burro que um professor. Uma pessoa que sabe quem ela é, quais são os seus direitos e o seu lugar na sociedade, não vai se deixar enganar. Vai exigir um salário justo, vai exigir ser tratada com respeito.
O ódio do elemento que ganhou o poder no Brasil atual é exatamente o ódio da massa desqualificada contra aquilo que poderia torná-la gente. Paulo Freire explica perfeitamente na sua obra Pedagogia do oprimido. Não se trata apenas de ensinar a ler, a soletrar, ou a escrever corretamente. Se trata, isso sim, de que a pessoa venha a ler a si mesma, e a se ler no mundo.
Não há nenhuma determinação que estabeleça que algumas pessoas vão ter que morrer de fome, adoecer, viver sem casa. O sistema econômico gera riqueza e alimentos para sustentar toda a humanidade. O capitalismo estabelece uma distinção odiosa e antinatural, que condena a maioria das pessoas a viver e morrer pela metade, sem nunca terem se tornado gente. Daí que seja imperioso que nos voltemos para prosseguir na semeadura daquilo que perdura.

Doutor em sociologia (USP). Terapeuta Comunitário. Escritor. Membro do MISC-PB Movimento Integrado de Saúde Comunitária da Paraíba. Autor de “Max Weber: ciência e valores” (São Paulo: Cortez Editora, 2001. Publicado em espanhol pela Editora Homo Sapiens. Buenos Aires, 2005), Mosaico (João Pessoa: Editora da UFPB, 2003), Resurrección, (2009). Vários dos meus livros estão disponíveis on line gratuitamente: https://consciencia.net/mis-libros-on-line-meus-livros/