Extremistas cristãos já fizeram mais de 440 mil vítimas na África

[In English after Portuguese version]

Elie sobreviveu a 14 ataques do LRA (‘Lord’s Resistance Army’, ou Exército de Resistência do Senhor) de Joseph Kony e fugiu. Marie Yapendwe também fugiu de ataques do LRA em sua aldeia, mas com 8 filhos. Este vídeo da agência de refugiados da ONU, o ACNUR, mostra um trecho de suas realidades.

Elie fugiu com sua aldeia inteira para a cidade de Obo. “Meu nome é Nvoutoukama, Elie. Eu sou da República Centro-Africana. Fugimos de nossa aldeia porque o LRA entrou em nosso país. Tivemos um ataque, tivemos morte. Eles mataram pessoas, eles bateram com paus, não com armas. Eles atingiram pessoas na cabeça.”

“Na época, o LRA voltou para a aldeia… Eu não tenho nada agora, tudo se foi. Neste ponto, estou com medo apenas do LRA. Eu tenho medo dessas pessoas, além disso não tenho [medo de mais nada].”

Marie Yapendwe fugiu dos ataques do LRA na sua aldeia com seus 8 filhos. Ela não sabe se o resto de sua família sobreviveu. “Havia 10 de nós. Cinco morreram… Duas meninas e um menino foram raptados por Tongo [do LRA]. Mais dois… Eu não sei onde eles estão ou se estão vivos. Não tivemos notícias.”

Ataques do LRA na África central deixaram cerca de 440 mil pessoas internamente deslocadas ou vivendo como refugiadas. Desde a última atualização do ACNUR, no início de março, houve 13 ataques na República Democrática do Congo (RDC), resultando em duas mortes e 13 sequestros, além do deslocamento de 1.230 pessoas. Na República Centro-Africana, o LRA voltou a atacar, registrando 11 casos, após uma trégua de quase um ano. Ataques também ocorreram no Sudão do Sul e em Uganda.

Na semana passada, os quatro países anunciaram que lançarão uma força-tarefa militar conjunta apoiada pela ONU e pela União Africana para perseguir os rebeldes, incluindo o líder do grupo, Joseph Kony.

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O QUE QUER O LRA? De acordo com ex-combatentes do LRA, o objetivo de Joseph Kony – que provavelmente se encontra na República Centro-Africana ou na RDC, e não em Uganda – é derrubar o Presidente Yoweri Museveni, do Uganda, e criar um Estado baseado na interpretação bíblica de Kony sobre os Dez Mandamentos.

Já que o LRA já não opera em Uganda, os atuais objetivos políticos do grupo não são claros. Táticas atuais de Kony parecem apenas querer assegurar a sua sobrevivência e de outros líderes.

[Com informações da HRW]

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COMENTÁRIO. Por que parte da imprensa continua chamando líderes da Al-Qaeda de “radicais muçulmanos” e o Joseph Kony, líder do LRA (‘Exército de Resistência do Senhor’), não é chamado de “radical cristão”?

É bom lembrar que Kony, que ficou um pouco mais famoso por conta de recente campanha de cidadãos norte-americanos (o que é bom, a meu ver), baseia toda sua ação em interpretação bíblica dos Dez Mandamentos, feita por ele próprio.

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[In English]

Elie survived 14 attacks by Joseph Kony’s LRA and fled. Marie Yapendwe also fled LRA attacks on her village, but with 8 children. This video from UNHCR shows a snippet of their reality.

Elie fled with his entire village to the town of Obo. “My name is Nvoutoukama, Elie. I’m from Central African Republic. We fled our village because the LRA entered our country. We had an attack, we had death. They killed people, they beat them with sticks, not with guns. They hit people on the head.”

“At the time, LRA came back to the village… I have nothing now, everything is gone. At this point, I’m scared only of the LRA. I’m afraid of these people, apart from that, there’s nothing [I’m afraid of].”

Marie Yapendwe fled LRA attacks on her village with her 8 children. She doesn’t know whether the rest of her family survived. “There were then of us. Five died… Two girls and one boy were abducted by Tongo – Tongo [the LRA]. Two more… I don’t know where they are or if they are alive. We haven’t heard any news. ”

LRA attacks in central Africa have left an estimate 440,000 people internally displace or living as refugees.

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