“(…) Como recomendam todos os criminalistas, se você está na rua altas horas da noite e alguém o assalta, não é prudente gritar “Socorro! Ladrão! Assassino!”
Isso faz com que as pessoas que estão em casa, embaixo dos cobertores, sintam-se mais protegidas onde estão, sem o mínimo desejo de abandonar essa proteção para enfrentar um tarado qualquer no meio da rua.
Grite, ao contrário: “Socorro! Incêndio! Fogo! Fogo!” e todo mundo sairá de casa imediatamente, querendo saber onde é o incêndio, excitado pelo desejo de ver um maravilhoso drama inteiramente grátis, como sóem ser os espetáculos do maior ator de todos os tempos conhecido como Belo Horrível.”
Millôr Fernandes [Emmanuel Vão Gôgo], “Tempo e contratempo”, 1949
Jornalista, 41, com mestrado (2011) e doutorado (2015) em Comunicação e Cultura pela UFRJ. É autor de três livros: o primeiro sobre cidadania, direitos humanos e internet, e os dois demais sobre a história da imigração na imprensa brasileira (todos disponíveis em https://amzn.to/3ce8Y6h). Acesse o currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0384762289295308.