“O Lula nunca governou”, “O Lula não tem experiência”, “O Lula não fala inglês”, “O Lula não tem diploma universitário”. Esse era o discurso da campanha do candidato tucano José Serra, em 2002, e de todo o exército convocado para elegê-lo presidente. Os preconceitos, traço mais marcante de uma elite decadente e ignorante, vinham de diversos e notórios membros da nobreza tupiniquim.
Incluindo a Regina Duarte (sua fobia crônica, lembram?) e o jornalista William Bonner, que começou a entrevista no Jornal Nacional da seguinte forma:
“A primeira pergunta é a seguinte: O senhor não considera arriscado o desafio de assumir a presidência da República sem ter uma experiência administrativa anterior?”
Assista a este vídeo abaixo (logo no início se dá a pergunta).
Agora leia e ouça abaixo o que diz o José Serra, que incluiu o próprio Lula em seu programa eleitoral (!), mesmo que o Presidente apoie sua principal adversária:
“O Lula é um personagem muito importante no cenário político e no cenário eleitoral brasileiro. (…) Eu citei o Lula normalmente. É um homem que tem experiência, é um homem que viveu bastante, que tem História, disputou muitas eleições, fez-se um paralelo comigo mesmo, de que também fiz isso. Eu não fiz um juízo de valor a respeito do Lula. Isso foram 5 segundos exatamente. A partir daí se criou a doutrina de que o Lula tava todo dia no meu programa. Poderia até estar, se fosse necessário. Mas eu não creio que seria o caso.”
Aí eu pergunto: Quer dizer que, se fosse preciso, o Lula poderia estar no programa do Serra todo dia?! Mas heim?! Desisto de entender.
Jornalista, 41, com mestrado (2011) e doutorado (2015) em Comunicação e Cultura pela UFRJ. É autor de três livros: o primeiro sobre cidadania, direitos humanos e internet, e os dois demais sobre a história da imigração na imprensa brasileira (todos disponíveis em https://amzn.to/3ce8Y6h). Acesse o currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0384762289295308.