Desde os meus tempos de estudante, pude comprovar que quando fazíamos juntos e juntas, tudo estava bem. Não havia disputas a ver quem estava mais certo ou errado.
O tempo passou e agora novamente me encontro participando de coletivos em que todos e todas temos algo a fazer.
Nessas horas, o outro ou a outra, são vistos como colaboradores, colaboradoras. Quando a atividade fica nas costas de umas poucas pessoas, a tendência pode ser a de desanimar ou decair.
Confesso que já tanto me habituei ao fazer juntos e juntas, que tendo a ir constantemente nessa direção. Ao invés de salvadores ou salvadoras da pátria, co-responsáveis.
O fazer juntos pode ser mais lento do que quando se age individualmente apenas. Mas o fato de termos que ir ao compasso de diversos ritmos e maneiras de fazer, cria uma liga.
Solidariedade se faz fazendo. Saímos das abstrações e da solidão, e sentimos a força do coletivo. No momento da vida em que me encontro, fica uma sensação de segurança quando me vejo no meio desta marcha coletiva.
Sei que tenho um lugar, bem como as demais pessoas ao meu lado. A esperança se fortalece. A confiança se reforça. Inclusive quando se trata de questões pessoais, o campo emocional.
Sei que posso contar com o acolhimento comunitário. Uma rede firme e sólida. O horizonte então ganha de novo um tom atraente.
Estas reflexões pretendem animar ainda mais o espírito construtivo da ação cidadã. Na Terapia Comunitária Integrativa, focalizamos a ação que une, que reforça os laços positivos, potenciando a solidariedade.
Quando me fecho em mim mesmo, tende a prevalecer o que falta, o que não há, o que está errado. Ao me abrir humildemente para dar um passo, recebo de volta o melhor de mim e da comunidade. Refaço o meu senso de viver. Nasço e renasço cada vez. A autoestima cresce e aparece.
Ilustração: “Nascendo.”

Doutor em sociologia (Universidade de São Paulo). Mestre em sociologia (IUPERJ-Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro). Licenciado em sociologia (Universidad Nacional de Cuyo, Mendoza, Argentina). Professor aposentado da UFPB. Terapeuta Comunitário Formador. Escritor. Membro do MISC-PB Movimento Integrado de Saúde Comunitária da Paraíba. Autor de “Max Weber: ciência e valores” (São Paulo: Cortez Editora). Vários dos meus livros estão disponíveis on line gratuitamente: https://consciencia.net/mis-libros-on-line-meus-livros/