O Movimentos nasce da necessidade de nos fazer ouvir no debate sobre política de drogas. No Brasil, a ferramenta dos governos para lidar com as drogas ilícitas é a guerra, que tem na favela seu palco principal. Por isso nós, jovens de várias favelas e periferias do Brasil, defendemos que uma nova política de drogas para as nossas cidades e para o nosso país é urgente.
A guerra às drogas afeta diretamente o nosso dia-a-dia. Para nós, significa escolas fechadas, mudança na rotina, medo de sair de casa, preocupação extrema com o nosso bem-estar e o da nossa família. Em nome dessa guerra, o Estado justifica uma série de violações de direitos contra nós, jovens de favelas e periferias.
Mas essa guerra não é nossa. Não fomos nós que declaramos a guerra às drogas. Não fomos nós que decidimos que algumas drogas seriam consideradas legais e outras, ilegais. Mas somos nós que morremos por conta dela.
O fracasso da guerra às drogas já é reconhecido por vários políticos, por parte da sociedade, por acadêmicos e ativistas no Brasil e no mundo. O consumo de drogas não diminuiu, o comércio ilegal não acabou. Ao contrário, a guerra às drogas trouxe mais violência, corrupção e desigualdade do que se poderia imaginar. Por conta dela, temos perdido a potência de uma geração de jovens – em sua maioria, negros – que, assassinados ou presos, acabam virando estatística.
Só que, nesse debate, a voz da favela continua sendo excluída. Falam sobre nós, e em nosso nome, mas quase nunca ouvem o que nós temos a dizer.